Analiso perfis de executivos semanalmente. Não faz parte do meu trabalho, mas já se tornou um vício analisar a forma como as pessoas se vendem, como elas constroem sua narrativa. E devo dizer que isso nem sempre é muito bem-feito. Na verdade, a média no mercado é muito ruim.

São textos feitos sem muito cuidado, escritos rapidamente, um conjunto de qualidades e conquistas sem nenhuma amarração técnica. Tenho pensado sobre esse medo de falar de nós mesmos, desse cuidado – ou será um pudor – de não cair na autopromoção.

Colegas e amigos me falam que não conseguem postar em seus perfis no LinkedIn. Me desculpem se sou direto, mas isso é pura insegurança. Aprenda a conviver com seu sucesso. Aqui gosto de te lembrar que comemos ovos de galinha pelo fato de a pata não saber cantar. Lembra o ditado: galinha que canta é a que bota o ovo? É óbvio, é direto, mas se não aprendermos a conviver com nosso sucesso, teremos um grande problema em nossa carreira.

Aceite elogios, eu tive que aprender isso de uma forma dura, mas marcante. Um dia um amigo me apresentou para um grupo de pessoas e falou que eu era um dos maiores especialistas em mídia e em estratégias de comunicação que ele conhecia. Um fato, mas eu rapidamente lembrei às pessoas que ele era meu amigo e, portanto, deviam dar um desconto.

Parecia correto dizer que quem me vendia acabava exagerando nas cores e no tamanho. Parecia educado, mas não: era simplesmente bobo. Estava falando que não sou de fato tão competente. No fundo pura insegurança, algo para tratar na terapia.

O pior é que este amigo ficou muito chateado comigo. Ao final da conversa, me chamou de lado e me deu um feedback importante. Ele me fez ver que quando digo que ele é meu amigo, que ele pode estar exagerando sobre o meu conhecimento, eu estou desqualificando seu elogio, eu estou dizendo que suas recomendações são ruins. Ele de fato me deu uma bronca, algo que eu nunca mais esqueci.

Nunca mais fiz isso. Aprendi a receber um elogio, aprendi a ser valorizado. Se você não sabe o que fazer nestas situações, é bem simples. Vou te ensinar e facilitar sua carreira: apenas agradeça, apenas diga muito obrigado ao final do processo.

Aprenda a enfrentar seus medos, você não é um impostor! Aqui tenho que ter muito cuidado, pois a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a síndrome do impostor como um transtorno mental. Estamos falando de algo que precisa e deve ser tratado por profissionais, quando isso passa a prejudicar sua carreira.

Um estudo da Universidade Dominicana da California afirma que aproximadamente 70% das pessoas se sentem “uma fraude” no ambiente do trabalho alguma vez na vida. Portanto, bem-vindo ao clube. Somos todos uma fraude em algum momento.

O problema é quando começamos a conviver com autodepreciação, com esforço exagerado para compensar insegurança, quando nos autossabotamos adiando tarefas, ou simplesmente procrastinando, ou então, quando nossa autocrítica excessiva nos paralisa. Tenha certeza: estamos como medo.

O medo sempre nos paralisa, portanto, quando algo nos intimida, é importante avaliar. Sentir-se inseguro é algo natural. Alguns ambientes tóxicos têm pouco espaço para o erro. Lugares assim nunca vão conviver com inovação ou grandes ideias. Ambientes criativos são lugares que aprenderam a conviver com o erro. O erro é fundamental para o sucesso.

Agora entenda: sempre haverá alguém que sabe mais que você. Escrevi este texto pensando numa amiga super qualificada que disse “não” a uma oportunidade de emprego por conta de achar que era uma impostora. Já disse para ela que entendo que ela está pronta, mas não basta tapinhas nas costas. Isso não resolve.

Ela precisa de um mentor, precisa continuar estudando, e quando estiver diante de um grande desafio, precisa se apoiar em colegas que possam tirar todas as suas dúvidas. Gosto demais do conceito: “Uma sobe e puxa a outra”. Isso é muito bom e vale para a carreira também.

Caso as dicas acima não te ajudem, caso ainda se sinta paralisado, por favor, procure ajuda de um terapeuta. Em alguns casos, a experiência técnica é fundamental.

Agora, se seu perfil ainda tem textos ruins, ou mesmo aquela foto antiga que você sabe que já devia ter mudado, faça alguma coisa por você: invista na sua carreira.

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