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Uma cidade que respira a pressa de forma desnecessária


Eu ia escrever um post falando de um cara que estava na minha frente na fila do restaurante por quilo.
Eu ia dizer que ele pegava um milho de cada vez e que ficou uns 15 segundos em dúvida entre o arroz branco ou integral.
Eu ia dizer que eu estava puto com ele e que pensei em jogar a batata toda no prato dele quando ele olhou a mesma por algum tempo.
Eu também ia dizer que certamente o prato dele daria uns R$ 12,00 mas que ainda assim, iria pedir Nota Fiscal Paulista e que não ia saber de cabeça, o número do CPF dele, levando a mão ao bolso.
Eu ia dizer que esse cara talvez não tivesse a tarde tão cheia de jobs quanto eu tenho. Eu ia dizer.
Mas talvez ele tenha percebido toda essa minha angústia silenciosa, pois olhou pra mim, e de forma bastante calma, serena, pediu desculpas pela demora e disse que a vida o ensinou que viver sempre com pressa faz muito mal à saúde.
Fiquei extremamente sem graça e só aí percebi que ele não tinha um dos braços e eu até então, nem havia notado.
Não sei o motivo de sua deficiência, mas de qualquer forma, me fez pensar. Nem sei se ele pediu a Nota Fiscal Paulista e nem se ele pesou o prato.
Tudo passou rápido e indolor quando resolvi pensar no assunto.
Ele sentou próximo à janela e agora está comendo tranquilamente enquanto observa as pessoas passando na rua.
Por outro lado, parece que nada aprendi, pois escrevo esse post enquanto a comida esfria no prato, na minha frente.

Uma resposta

  1. Virtually the exact same image is shown from a fairly wide variety of different angles and distances, indicating the vastness of the plains and the power that these characters hold (or will soon hold) over them.

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