Numa conversa de bar, um amigo me revelou uma certa vez que acabara de receber uma promoção na empresa. Dei os parabéns, enchi o copo de cerveja e propus um brinde. Ele recusou. Me disse que não aceitara a proposta porque ele não queria subir de cargo na companhia. Perguntei então se havia algum problema na empresa. Pelo contrário, ele amava seu trabalho, e justamente por isso não queria ser promovido.
A verdade é que essa história tem sido cada vez mais frequente, e não há nada de errado nisso. Fomos “treinados” com o desejo pelo crescimento contínuo e vertical. Criou-se uma regra de que devemos sempre querer um cargo acima do nosso. Por que preciso ser gerente? Por que quero o cargo de diretoria? Por que quero ser um CEO? Por qual motivo não posso ser um Analista, feliz em exercer o meu trabalho e ser o melhor e mais experiente naquilo que me proponho a ser?
Tem muito CEO pra pouco Analista, é fato. Vejo nos perfis de LinkedIn a banalização do termo CEO. Os famosos CEOs de MEI. Legal você ser dono da sua própria empresa e ter seu negócio próprio, não bato nisso não. Me refiro à ambição. Ninguém quer assumir um cargo hierarquicamente menor, ou até mesmo dizer que não tem interesse em ser um gestor por medo de ser julgado como um encostado.
Temos que respeitar as escolhas profissionais de cada indivíduo. O mundo precisa de analistas, tanto quanto ou mais do que precisa de um diretor executivo. Existe espaço pra perfis de líderes e de liderados; para gestores, para analistas e profissionais que atuam diretamente na operação, qual o problema?
Enquanto não entendermos que quem determina seus objetivos de carreira é você, viveremos cada vez mais num mundo onde a ambição e o status falam mais alto do que a autorrealização.
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