São cada vez mais raras as trajetórias longevas dos profissionais nas empresas; mudam projetos, mudam entregas, mudam tudo e naturalmente mudam pessoas, pelos mais diversos motivos. E ao contar estas histórias, vale a pena focar nestes tais motivos?

Até mesmo a dinâmica de “início, meio e fim” já não é mais regra nos conteúdos que assistimos; capítulos, e até mesmo temporadas das séries terminam no meio de uma narrativa, deixando todos no aguardo de uma explicação que nem sempre vem, e está tudo certo. Nas histórias que cada um constrói em tantos lugares por onde se trabalha, o roteiro geralmente passa por um início cheio de expectativas de todos os lados, seguida de um banho de realidade, lutas vencidas, empatadas e perdidas, altos e baixos, relações construídas, aprendizados e recompensas, histórias vividas e em algum momento previsto ou não: um fim.

Por mais que todos nós sabemos que estamos na chuva e todos correm os seus riscos, dificilmente acertamos o fatídico dia, costuma ser um susto. E carinho não deixa cicatriz, a pancada é que deixa, é esse último dia que ficará mais quente na memória, e – na minha humilde opinião – não deveria.

O último dia é um composto de horas angustiantes que um pedaço considerável daqueles mais próximos sabe que será o fim, já a parte envolvida nem sempre. É um dia entre tantos outros, geralmente um dia que nada tão grande acontece além do fato do fim, bem ou mal explicado, fim.

A sequência disso, passado um necessário período de reflexão, é o próximo passo, lá vai você ter que contar a própria história repetidas vezes, e a melhor parte disso tudo é que o roteirista é você. Conte a sua história, seja drama, comédia ou documentário, conte uma boa história, preferencialmente sua. É o que esperam de você. Pode parecer óbvio, mas nem sempre acontece. Já ouvi incontáveis histórias incompletas, mal elaboradas, que se estivessem na Netflix possivelmente não teriam trailer e seriam abandonadas no comecinho do primeiro episódio. Entrariam pro grupo do: “não me pegou.”

É extremamente importante que uma relação ao iniciar e ao terminar tenha um papo sincero e profundo sobre expectativas e resultados práticos, e essa conversa só interessa aos envolvidos nela, pode ou não fazer parte da sua história, de preferência que não faça, pelo menos não pra versão mais pública e compartilhada.

Cuidado para que sua história, escrita e contada por você, não se concentre tanto em um dia ruim e, assim, deixe de narrar os principais fatos de uma longa jornada, e de transmitir a mensagem desejada, ou pior, que ela não entregue de mão beijada o protagonismo pra quem não é o assunto.

Nem tudo precisa ser remexido, existem coisas inexplicáveis, já outras que simplesmente não merecem ou não necessitam de explicações, aproveite bem as raras oportunidades que se tem de contar a sua própria história, que pode e deve ser uma das mais legais de serem contadas por você.

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