Imagine que eu tenha uma vaga de emprego para início imediato. Qual seria sua primeira pergunta? Tenho notado que muitos jovens já perguntam se a vaga é presencial, híbrida ou home office. Ontem mesmo, conversando com um rapaz, ele me disse que tinha perdido uma oportunidade incrível porque a vaga era totalmente home office.
Será mesmo que esse é o único ponto em questão? Ou sequer o mais importante na hora de escolher um emprego? Tenho a impressão de que a maioria deveria repensar suas prioridades antes de usar isso como principal critério.
Hoje trabalho no modelo híbrido, indo ao escritório uma vez por semana e ficando quatro dias em casa. E eu odeio. Antes que você diga que sou da velha geração, entenda meus pontos.
Percebi que, isolado em casa, tenho mais conforto, mais tempo para minha vida pessoal, gasto menos com alimentação e, para a alegria do meu empregador, sou muito mais produtivo. Mas a grande questão é que sinto que estou perdendo muita coisa que não deveria perder:
Agilidade
Muitas trocas de e-mails acabam levando a reuniões que poderiam ser resolvidas em cinco minutos no cafezinho da empresa. No ambiente virtual, o acesso às pessoas é mais difícil, e essa perda de tempo me irrita.
Troca com os colegas
O tempo no escritório, os almoços juntos e a resenha no começo do dia sempre me trouxeram informações valiosas e, principalmente, a experiência dos colegas. No virtual, é possível interagir, mas percebo que estamos cada vez mais objetivos.
Trabalho colaborativo
No escritório, era comum ajudar um colega ou contar com sua ajuda, seja trocando apresentações, propostas ou pedindo auxílio em alguma questão. No virtual, isso é possível, mas não acontece com frequência.
Crescimento profissional
Boa parte da minha formação veio do privilégio de conviver com pessoas acima da média. Nem sempre isso acontece em reuniões ou bate-papos; muitas vezes, a influência vem da simples observação de como um profissional trabalha e das interações no dia a dia. No ambiente remoto, perdemos isso.
Agora, pense em um cenário diferente: e se essa vaga fosse para trabalhar diretamente com um gênio? A posição é 100% presencial para atuar como assistente de um artista plástico. Seu nome é Pablo Picasso. Se fosse para trabalhar com esse gênio, sua resposta seria diferente? Você aceitaria o presencial?
Se sua resposta foi sim, talvez tenha entendido meus pontos.
Ao longo da minha carreira, trabalhei com pessoas extremamente talentosas. Hoje, tenho o privilégio de trabalhar com um jornalista incrível, que considero a maior referência em negócios do esporte. Sempre que posso trabalhar presencialmente com Erich Beting, eu vou, porque sempre aprendo, sempre ganho. Não concordamos em tudo, não sou mais um estagiário, mas o tempo de troca me transforma e me faz ser alguém melhor.
Quanto vale trabalhar com um gênio? Se posso te sugerir algo, é que considere o tempo ao lado de um profissional experiente como uma oportunidade de crescimento. Ele nem sempre vai parar para te ensinar. É você quem deve demonstrar interesse, buscar estar presente em situações importantes e fazer boas perguntas.
Grande parte do nosso aprendizado vem da tradição oral, e boa parte dele não está nas palavras, mas na simples observação.
Sucesso na carreira.
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