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Procura de Nizan por cozinheira na Folha gera opiniões diversas

Se eu não me engano, a cada duas semanas, Nizan tem uma coluna no jornal Folha de S. Paulo.

Já até coloquei aqui, vez ou outra, posts com sua coluna.

Na última Segunda-Feira, a coluna de Nizan, publicada pela Folha, gerou polêmica.

Ao falar do bom momento econômico do Brasil, Nizan fala da sua dificuldade em encontrar uma cozinheira.

Coloca ali na coluna o que pode e não pode ter para ser sua cozinheira.

Em paralelo, fala de anúncios diretos, sem rodeios e que atingem o objetivo. Ainda lembra que talvez a coluna dele não esteja localizada num caderno dentro do jornal, onde ele encontre sua cozinheira.

A coluna gerou protestos até mesmo dentro da Folha, onde colunistas manifestaram seus repúdios ao anúncio de Nizan.

Olha, não é porque Nizan é meu chefe não. Mas achei o anúncio genial.

Com uma pitada de ironia, Nizan na sua coluna, foi muito mais além do que anunciar a busca por uma empregada.

Quis mostrar a força de um bom anúncio e principalmente de sua coluna.

Seus leitores "do mal" que tentaram repudiá-lo talvez não tenham entendido isso e cairam na "isca" do anúncio de Nizan.

Confira na íntegra, a coluna de Nizan, onde ele "procura" uma boa cozinheira.

 

"Procura-se uma grande cozinheira"
 
 
A razão do meu desespero por uma cozinheira é fruto do bom momento econômico do Brasil
 
Estou há anos procurando uma cozinheira de mão-cheia. Uma Dona
Flor, mas que não precisa ter o corpo da Sônia Braga -precisa é cozinhar
mesmo. Fazer aquela grande e vasta comida brasileira. E se ainda souber
fazer comida baiana, melhor ainda. Um bom mal-assado, uma feijoada como
se come lá nas festas do terreiro do Gantois.
 
Não precisa saber cozinha francesa e italiana. Porque a cidade já dispõe de grandes restaurantes para isso.
 
Precisa, sim, de leitão a pururuca, de sequilhinhos, de um belo
bolo de laranja. Tendo mão e alma boa, não precisa nem ter gênio bom.
Basta ser divina. Como a cozinheira da grande estilista Lenny Niemeyer,
que faz todos os domingos o melhor almoço do Brasil.
 
Escrevo este artigo porque acredito muito na força mobilizadora da
mídia impressa, dos jornais que todos os dias entram na nossa casa
cedinho gritando as notícias em silêncio.
 
Escrevo também para lembrar que os primeiros anúncios
publicitários feitos neste país foram de coisas triviais como vender um
burro, achar um cão perdido ou buscar uma cozinheira.
 
O peixe que um anúncio vende pode ser vender um carro, um perfume,
recrutar uma cozinheira, mas anúncios são feitos para vender o peixe.
 
Os melhores anúncios são aqueles que se não se esquecem disso.
 
Que não se esquecem de que a propaganda foi feita para chamar a
atenção da pessoa, para reter o leitor, o telespectador. Como você já
está lendo este texto por alguns parágrafos, é sinal de que estou sendo
bem-sucedido nessa função.
 
O título "Procura-se uma grande cozinheira" é chamativo. Porque é inesperado. Sobretudo no caderno Mercado da Folha.
 
Títulos têm de ser inesperados, senão ninguém lê anúncio. E as pessoas, como você bem sabe, não nasceram para ler anúncios.
 
A chamada é verdadeira. Não é propaganda enganosa. Porque preciso de fato de uma cozinheira.
 
É verdade que a quituteira que procuro talvez não leia este
caderno. Mas a Folha é o jornal mais lido em todo o país e certamente
deve ter alguém entre seus leitores que pode conhecer a minha prenda.
 
Estamos chegando ao final do ano, ao período de Natal, as pessoas
estão imbuídas do espírito natalino e podem fazer essa boa ação para um
ex-gordo como eu.
 
Portanto, se você conhece uma grande cozinheira, mande um e-mail
para nizan@africa.com.br. É óbvio que preciso de referências. Melhor
ainda se forem de gourmets ou gordos, de pessoas de colesterol e acido
úrico altos.
 
A razão do meu desespero por uma cozinheira é fruto do bom momento econômico do Brasil.
 
Como em qualquer país que se preze, graças a Deus não é mais fácil encontrar empregados domésticos no nosso prezado país.
 
As pessoas querem ter seu próprio negócio, abraçar profissões "mais nobres". E isso é ótimo para elas e para o país.
 
É uma mudança transformadora, que nos impacta das melhores
maneiras possíveis, mas também nos coloca na desesperadora e cafajeste
situação de desejar a cozinheira do próximo.
 
Peço aos leitores que sejam solidários comigo e aos jovens
redatores de propaganda que lembrem o que o grande guru da propaganda
David Ogilvy me ensinou: propaganda é para vender.
 
Ela tem de ser sedutora, confiável e vendedora como um bom
corretor de imóvel. Seja o anúncio de um celular, seja o anúncio
procurando uma cozinheira, ele tem de ter impacto, eficiência e graça.
 
Se não entretém, não chama a atenção e não vende, não é boa
propaganda. Propaganda tem de ter molho e sal. E ser feito por gente que
tem boa mão.
 
Espero que este artigo-anúncio classificado atinja seus objetivos.
E que graças à força da Folha e de santo Expedito eu encontre a minha
tão sonhada cozinheira.
 
Aliás, cozinheira anda tão difícil que hoje a gente não pede mais para santo Expedito, a gente pede é para santo Antônio."

 

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