Num dos mais nobres bairros da zona sul de São Paulo, em um prédio comercial, lá está uma pequena papelaria que atende as salas comerciais do local. Chamamos de papelaria, mas em sua vitrine temos desde brinquedos simplórios até copos de vidro e leques arcaicos como sugestões de presentes, já diz a placa de entrada.

A lojinha é mais um dos milhares de empreendimentos espalhados pela cidade que traz um conceito de “temos tudo”, e que nos faz pensar: “será que esse cara vende o suficiente para pagar o ponto em que ele está?”

No balcão da lojinha, há um rapaz jovem, tímido, atendendo as pessoas que entram em busca de uma solução rápida, seja para uma xerox, um benjamim ou até mesmo um pacote de bolachas. No caixa, um senhor, aqueles muito simpáticos (até demais, sabe?).

O tio da lojinha tem um humor absurdo. Não tem mais que 60 anos, mas é um senhor pacato, carente e que está sempre puxando conversa com todos que entram. Prolonga a saudação de chegada, estende a saudação de saída. Pede desculpas por tudo, fala do tempo lá fora… faz questão de fazer sua notinha fiscal e de dar seus poucos centavos de troco. O típico tiozinho correto e honesto, saca? Chega até a incomodar de tanta cortesia.

Mas o que esse tiozinho tem de diferente? A forma com que leva a vida e valoriza o seu negócio. Ele ama o que faz, ele vive e respira sua lojinha. Independentemente de ela ter uma identidade, de ter um segmento padrão ou de ser moderna e atualizada, ela é tudo pra ele. É ali que ele troca experiências, que ele convive com as pessoas e ganha seu sustento.

O mundo profissional precisa de mais “tios da lojinha”, de mais pessoas que amam suas atividades. E é simples, basta se entregar de corpo e alma por aquilo que você ama.

O “mais um” pra você pode ser o “tudo” de alguém.

Seja o tudo pra você, por você.

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