Uma das coisas que mais me fascina é estudar aquilo que está mais distante de nós, mais difícil de ser buscado.

Talvez seja esse um exercício natural e necessário a um profissional de mídia que sou e que preciso a todo momento compreender o comportamento de consumidores que são, na sua grande maioria das vezes, diferentes de mim.

Diante disso, trago pra vocês uma informação que muito de meus alunos de sala de aula já sabem. Eu piro em acompanhar publicidade em países outros que não sejam o Brasil.

Até aí, tudo bem. Você pode estar pensando que eu fico ali de olho nos anúncios mais premiados das agências mais criativas do tradicional relatório anual da WARC Creative 100.

Também gosto, claro, mas na verdade gosto muito mais de sair do hype e olhar pra mercados incrivelmente criativos que, muitas vezes, não têm acompanhamento regular de grande parte dos profissionais.

Um desses países que acompanho a publicidade já tem tempos é Moçambique. O país africano que tem como capital a cidade de Maputo é o segundo país mais populoso do continente africano e possui mais de 32 milhões de habitantes.

Não é um país altamente digital e, segundo dados da pesquisa WE ARE SOCIAL 2024, que sempre uso em minhas aulas e palestras, apenas 23% da população tem acesso à internet, ou seja, algo próximo de 8 milhões de indivíduos. Quando se observa o número de usuários de mídias sociais em Moçambique, nota-se que apenas 3,2 milhões de cidadãos usam Instagram, TikTok ou Facebook.

Entretanto, os ainda baixos números de consumo digital por parte dos moçambicanos não refletem em nada o que a publicidade evolui ano após ano naquele país.

Segundo o bom e organizado site Marcas por Escrever, “a publicidade de Moçambique tem uma história relativamente curta, que remonta ao período pós-independência do país em 1975. Naquela época, a publicidade era utilizada principalmente pelo Governo para comunicar programas e projetos governamentais aos cidadãos.”

Com a independência de Moçambique, as próximas décadas tornam-se favoráveis ao crescimento econômico do país e lá pelos anos 90 as primeiras agências de publicidade começam a surgir em solo moçambicano,

Hoje, o país conta com uma série de grupos gringos de publicidade, como a DDB e a Ogilvy. Entretanto, eles contam com agências locais e que se destacam com trabalhos visuais incríveis para marcas de lá e também marcas multinacionais que ali atuam, como Vodafone, por exemplo.

Hoje, na minha coluna aqui do Creativosbr, quero trazer duas dessas agências de publicidade de Moçambique que acompanho já tem algum tempo:

AGÊNCIA GOLO

É a agência de publicidade mais premiada de Moçambique. Em 2024, foi eleita a Agência do Ano no Prêmio Lusófonos de Criatividade. Venceu também o prêmio de Agência do Ano do FestPub, em Angola.

Empresa 100% moçambicana sem nenhuma participação de grupos multinacionais de publicidade é bastante antiga e tem sua data de fundação em 1957 pelas mãos de António Alves de Fonseca.

Em suas mídias sociais destaca o trabalho com olhar local e a busca constante pelos resultados dos seus clientes.

Falando em clientes, trabalha para dezenas de marcas anunciantes dos mais variados segmentos.

Eu, particularmente, gosto muito das campanhas de vídeo para a COMPAL, uma tradicional marca de sucos naturais com um market share bastante alto no país. As músicas, as cores, a alegria do povo moçambicano, juro…vale a pena conferir.

Outra campanha produzida pela Agência Golo que tem a mesma pegada de música alegre com bastante gente feliz é a última criada pela agência para o BCI, Banco Comercial e de Investimentos:

CREATE

Fundada em 1996, a Create é uma agência moçambicana que concorre de igual pra igual com a Golo.

Além de publicidade, atua também com atividades de relações públicas, live marketing, content e gestão de mídias sociais. Em suas mídias sociais se define como: “um grupo de pensadores, criadores. Uma coleção de pessoas de diferentes origens sem lugar para grandes egos ou palavras chiques.” (eu gostei demais dessa parte).

Durante esses mais de 20 anos de vida, a agência Create passou por várias gestões e modelos e chegou, inclusive, a ser a Ogilvy, em Moçambique. Atualmente é uma joint venture da Dentsu, o que levou para a empresa toda a expertise do tradicional e renomado grupo asiático.

A Create já foi responsável por campanhas icônicas naquele país como e atualmente tem como um de seus principais clientes, a cerveja 2M.

Note também que se trata de uma campanha super humanizada, com bastante música, movimento e mostra de produto a todo o momento.

E aí, gostou desse breve rolê pela publicidade de Moçambique?

Diz aí que outro país você gostaria de saber mais sobre a publicidade.

Até semana que vem.

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