Vale muito a pena ouvir os idiotas. Eles são inconsequentes e destemidos. Penso que esses ingredientes, se somados à alguma competência, boa índole e uma pitada de estratégia, podem dar bom!
Ok, mas o que é um idiota? Ou melhor, quem é um idiota e como detectá-lo de longe? Eu tenho lá minhas convicções, mas preferi buscar validação. Resolvi analisar se minhas percepções estavam corretas. Consultei algumas fontes e busquei validação das minhas hipóteses.
Minha primeira fonte. Dicionário Aurélio. Sim, ainda existem alguns exemplares deles por aí. Na minha estante de livro, dois. Segundo o livro meio empoeirado da minha estante, idiota é “pessoa que carece de inteligência, de discernimento; tolo, ignorante, estúpido”.
Minha segunda fonte foi o Gemini, inteligência artificial do Google que concorre com o tal do ChatGPT: “Um idiota pode ser visto como alguém que toma decisões precipitadas ou irracionais.”
Por último, e já completamente convencido de minhas percepções, perguntei para um conhecido, meio que sem maldade. “O que faz uma pessoa idiota?”. Ele, sem pestanejar, respondeu: “Eu sou um idiota!”. Ótimo, eu não falei nada, ele que disse. Confesso que apenas mentalmente concordei.
Falar dos idiotas não é uma exclusividade do ineditismo deste meu texto. A verdade que essa temática também faz parte da nossa história como sociedade. Dostoiévski, escritor e filósofo russo, caracterizava um “idiota” como: “um personagem que desafia as normas sociais e morais.” Mais recentemente, o cantor Jão fez uma música dedicada aos idiotas.
Claro, aqui parto do princípio de que o mundo está cheio desses idiotas. E, claro, também imagino não ser um deles.
Nelson Rodrigues, poeta brasileiro, deixou uma frase que marcou a história: “Os idiotas irão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas sim pela quantidade. Eles são muitos”.
Mas já que eles estão por aí e são numerosos, não temos muito como nos safarmos deles. Aliás, eu até gosto de ter contato com idiotas. São fáceis de identificá-los, são óbvios, um perfil mais do que padronizado. Costumam se achar acima da média, mais esperto que os outros, como se houvesse encontrado trilhas tão visíveis que só bobalhões, como nós mortais, não conseguiriam enxergar.
“Aprenda comigo.”
“Espero ter te ajudado.”
“Eu tenho um exemplo melhor.”
“Vem que eu vou te ensinar.”
“Eu descobri antes de todo mundo.”
“Não, você está fazendo errado.”
“Ninguém percebeu aquilo. Eu fui o primeiro a ver.”
Eu gosto quando acho um. Eles têm uma autoconfiança tremenda. Eles não se permitem aprender. Parece que acordam para deixar uma mensagem ao mundo antes de se deitarem. Chega a ser engraçado. E estúpido também!
Outro comportamento e até padrão é a “arte” de minimizar o feito dos demais. Enquanto escuta com atenção parcial a história ou conquista do outro, já articula na cabeça a história que vai contar para confrontar o colega. “Calma, vou te contar um exemplo melhor.” Na verdade, como consequência disso, o idiota não se preocupa com o outro, com seus feitos e vitórias. Ele investe 100% da energia em tentar te convencer de que ele também foi capaz de também fazer e conquistar.
Tenho certeza de que você conhece um desses. Estou certo?
Mas, como disse no início do texto, também vejo algumas coisas relevantes no idiota. Até porque penso que em todas as situações podemos aprender algo. Até com os idiotas!
O fato de eles não terem medo faz com que eles alcancem lugares fora da caixa, longe da zona de conforto. Por vezes e, certamente mais por sorte do que por competência, chegam a lugares valiosos e pouco frequentados. O não idiota leva um tempo danado e sofre um bocado pra chegar aonde o idiota já chegou faz tempo.
Logo gosto de ver a jornada da pessoa, por onde passou, quem ajudou, o que construiu. No mundo profissional, onde trabalhou, com quem, o que produziu. No mundo do futebol, eles falam: “Jogou com quem?”
Fato é que, também como característica padrão dos idiotas, está a não realização. Ou seja, o que mais fala, o que mais convoca a atenção é, na maioria das vezes, aquele que menos tem, fez ou produziu. Essa é sempre uma análise triste a se fazer.
Idiotias não se preocupam com passado ou futuro, eles precisam se provar no presente. Eles acreditam que a atenção conquistada no presente é o combustível para a relevância futura.
Meu Deus, quanta idiotice! Seguimos… fugindo, dando risada e, também, aprendendo com eles. No caso, aprendendo o que não fazer.