Toda vez que estou criando algo ou escrevendo um texto como este, preciso buscar referências. Criar é fazer novas conexões. Lembro de ouvir profissionais de criação falando de suas formas de criar e de como buscam inspiração.
Penso muito quando estou trabalhando em algo novo. Costumo dizer que roubo muitas ideias; as pessoas nunca vão notar, mas em muitos textos ou criações tenho grandes referências. Escrevo muito, mas o processo é duro. As ideias precisam descansar, tal qual uma boa massa; meus textos precisam descansar para crescer. A cada nova leitura, as palavras se encaixam, o texto ganha forma e cor.
Considero-me alguém chato, repetitivo, pois tenho um grande defeito: sou falador. Tenho me disciplinado a ouvir mais. Gosto especialmente de ouvir coisas novas, estar próximo de pessoas com histórias de vida diferentes da minha. Gosto muita da sabedoria das pessoas simples.
Tenho 56 anos e já cansei das minhas ideias. Não existe criação se ficamos sempre ruminando as mesmas coisas. É simples: isso, por definição, é repetição. Se posso te desafiar, recomendo que tenha menos certezas.
Guimarães Rosa nos presenteou com este texto em Grande Sertão: Veredas: “Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo… Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”
Ter certeza é quase bobo, mas nós todos, em algum momento, tivemos muita certeza de algo. Para mim, esse é sempre o começo do erro.
Gosto do diverso, pois me encanta o olhar diferente. Para mim, é quase que outra realidade, uma porta que se abre e me mostra um mundo totalmente novo. Talvez por isso eu seja um contador de histórias. Hoje sei que as palavras ganham força. Desperte seu olhar curioso e procure aprender com aqueles que são diferentes. Aprenda sempre. Precisamos fomentar este talento de querer sempre conhecer mais. Quando ficamos enfastiados com nossa sabedoria, começamos a morrer.
Para mim, o diverso é a base da criação. Quando estiver com pessoas que pensam diferente de você, incentive a troca de ideias: o diálogo. Sempre ouça muito mais do que fale. Não se prive do novo. Com novas ideias, descobrimos o mundo. Juntos, podemos ajudar a construir um futuro muito melhor.
Todas as vezes que criei algo novo, tive companhia. Foram muitas mentes e muitas mãos. Gosto muito da sensação, ao final do trabalho, de não saber dizer de quem foi mesmo aquela ideia. Isso constrói cumplicidade, isso é troca, e hoje eu gosto muito de trocas.
Muitas vezes, para construir algo novo, precisei renunciar às minhas certezas. Criar um desconforto. Deixar de lado a segurança das minhas velhas ideias. Foi assim que muitas vezes fui surpreendido com o novo.
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