Nem toda campanha funciona para todas as marcas e produtos. Nem todas as ideias funcionam para qualquer cliente; assim como nem toda ideia funciona em qualquer época.
Com o passar dos anos, o que parecia engraçado – por exemplo – pode soar ofensivo na atualidade, pode parecer chocante, sem graça ou até mesmo ineficiente.
Embora eu seja um Redator Publicitário, quero lembrar antes mesmo de começar essa reflexão, que qualquer análise aqui descrita é subjetiva e descreve os meus pontos de vista sobre o filme publicitário abaixo. O filme, veiculado em 2004 pela Lew’Lara (dirigido por José Pedro Goulart), conta a história de Wilson, e foi criado para a marca de celulares Nokia.
A ÉPOCA
O ano de 2004 parece próximo para os trintões ou quarentões, mas já é uma vida vivida para os jovens e adultos abaixo dos trinta anos. Em uma época em que a tecnologia demorava um tiquinho a mais para evoluir e tornar as tecnologias anteriores obsoletas, pode transmitir a ideia de que as coisas demoravam mais para acontecer, o que não reflete mais a nossa atual realidade, onde tudo é mais rápido e dinâmico.
O FILME
Wilson era um rapaz que só “andava para trás”. Ele era retrógrado, quadradão e parecia de certa forma acomodado com essa situação. O locutor, como uma espécie de confidente de Wilson, contava sua rotina mostrando que tudo que o personagem fazia era ultrapassado e nada tecnológico, características contrárias ao produto em questão.
Até que, ao se deparar com um aparelho Nokia na vitrine de uma loja, Wilson enfim deu um passo à frente. Uma associação à ideia de que mudar seus conceitos – impulsionados por uma marca que respira(va) tecnologia – estava de fato a um passo e a uma mudança de conceito (e de pré-conceito) do personagem.
Como toda campanha com um toque de humor, principalmente naquela época, o locutor interage com Wilson dizendo que guardaria o segredo, e que esse “primeiro passo rumo a uma vida nova” ficaria entre eles.
NOKIA DÁ UM PASSO ATRÁS
Pouco mais de dez anos após o episódio de Wilson, a Nokia – até então líder mundial em telefonia móvel – foi vendida para a Microsoft, após um declínio no mercado de smartphones.
Se em casa de ferreiro o espeto é de pau, a Nokia ficou para trás na corrida cada vez mais rápida e acirrada na tecnologia e não conseguiu sobreviver a um mercado engolido pela Apple e pela Samsung.
Ao contrário do que muitas imaginam, a Microsoft não “matou” a marca, mas deu um passo de lado ao focar em áreas como redes de telecomunicações, através da Nokia Networks, e desenvolvimento de tecnologias, através da Nokia Technologies.
O passo dado por Wilson talvez seja algo inspirador para a marca que, num movimento mútuo com o personagem – agora tenta se reerguer com a fabricação de novos smartphones com sistema Android, assinados por uma empresa de nome HMD Global.
Relembre o filme:
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