Amigos entendem que sou um grande entusiasta da tecnologia, o que é um equívoco, pois não sou. Tenho dificuldades com senhas e ferramentas, e sofro com o ID do meu iPhone, talvez por isso, mantenho uma certa reserva quando o assunto é tecnologia.

Sou um seguidor das ideias de Marshall McLuhan, para mim, o maior pensador da comunicação na história. Ele faleceu em 1980, deixando um legado incrível que perdura até hoje. Tornei-me ainda mais admirador de seu trabalho ao descobrir que ele estudava a tecnologia exatamente por não gostar do impacto que ela tinha em nossas vidas.

É ingênuo imaginar uma vida sem tecnologia, assim como querer que os índios continuem vivendo na floresta após avistarem as primeiras caravelas. O novo sempre encanta, sempre chama a atenção, pois todos nós somos naturalmente curiosos.

Atualmente, vivemos na era da Inteligência Artificial, no auge do uso do ChatGPT, e percebo que muitas pessoas estão apreensivas. Curiosamente, a grande maioria teme a ferramenta sem sequer tê-la experimentado, o que para mim é um contrassenso, afinal, como criticar algo que não experimentamos?

Devo sugerir que experimentemos todas as novas tecnologias. Sem receios ou preconceitos, use-as e procure entender como podem beneficiar nossa vida. Muitas vezes, temos a falsa impressão de controlar tudo o tempo todo, o que é uma ilusão. Vivemos em um mundo de constantes e aceleradas mudanças.

Essas mudanças, cada vez mais rápidas, geram uma incerteza maior em relação ao novo. Muitos sentem nostalgia, pensando que tudo era melhor no passado, o que é comum nas conversas dos mais experientes e um sinal claro de envelhecimento.

Erramos ao pensar assim, pois a evolução da tecnologia nos traz conforto. A grande questão é como uma nova tecnologia impacta nossas vidas. Ela é neutra em si, sendo o seu uso que define o impacto positivo ou negativo.

Eu não me preocupo com controle; meu foco está em conhecer tudo que é novo. Tenho utilizado ativamente o ChatGPT, uma ferramenta que se mostrou útil em muitos processos, auxiliando-me em pesquisa e na geração de ideias para este texto. No entanto, não vejo benefício em usá-lo para escrever este texto para mim.

Mudanças sempre geram medo. A nova tecnologia altera nossa forma de viver, trabalhar e nos relacionar, causando desconforto para quem está acostumado à rotina. Não aprecio profetas do caos, que, sem aprofundamento ou estudo, preveem catástrofes e instilam medo nas pessoas.

Cada nova tecnologia tem seus entusiastas e incrédulos, aqueles que a veem como uma religião e os que a consideram a razão de sua infelicidade. No caso da Inteligência Artificial e do ChatGPT, são apontados como responsáveis pelo fim da escola.

Aprendi com Marshall McLuhan que as escolas são uma das instituições que menos sofreram impacto com o desenvolvimento da humanidade, uma observação feita nas décadas de 60 e 70. A estrutura de uma sala de aula é muito semelhante hoje às escolas do passado.

Não é apenas a escola que se vê ameaçada pela Inteligência Artificial; o trabalho e as carreiras terão que se adaptar à nova realidade. Crianças e jovens têm menos receio do novo, em parte porque nascem imersos nessas novas ferramentas.

Gosto de usar um conceito que aprendi no discurso do escritor David Foster Wallace em 2005, feito para uma formatura. Ele nos faz entender que os peixes mais jovens não percebem a água, pois nasceram e sempre viveram dentro dela.

Essa aplicação para a tecnologia é interessante, pois as gerações mais velhas têm referência da vida com ou sem uma determinada tecnologia, ao passo que os jovens muitas vezes não têm. Quando pensamos em tecnologias digitais, as crianças de hoje são nativas digitais.

Faltam a elas a compreensão e as diferenças da vida antes da adoção da tecnologia. Para elas, uma determinada tecnologia é como água para os peixes; ela sempre esteve ali em seu ambiente. Sem filtros, elas a adotam e não têm medo. Nós, os mais experientes, temos a capacidade de criticar e observar os aspectos positivos e negativos em tudo que é novo.

Permita-se aprender. Conheça as novas tecnologias. Não é necessário tornar-se um fã ou mesmo um usuário, mas sua opinião é crucial para regular o uso e, principalmente, compreender sua importância. Estamos apenas no início do impacto de uma tecnologia que, assim como a internet, envolverá nossa vida e toda a nossa relação com o digital.

Ainda sente medo? É natural, mas não deixe que o medo impeça sua oportunidade de experimentar e explorar novas possibilidades.

Desejo sucesso em sua carreira!

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