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Mídias sociais: papel das marcas na segurança das crianças

Ainda que o SXSW seja um evento conhecido pela inovação e tecnologia, nenhum avanço técnico seria tão prestigiado se não tivesse como propósito melhorar a vida individual ou coletiva da humanidade, desde crianças até adultos.

Neste cenário, temos Lauren Greenfield do Institute Pictures e mãe de uma adolescente que, ao perceber como o consumismo impulsionado pela indústria de Hollywood estava intrínseco à vida de sua filha, decidiu pesquisar sobre os impactos que as mídias sociais causam em adolescentes.

Neste artigo, você verá:

Mídias sociais e o impacto na geração Z
Aplicabilidade no cenário brasileiro
Marcas que inspiram

Mídias sociais e o impacto na geração Z

Segundo a pesquisadora, o momento da pandemia foi, de certa forma, um experimento social que gerou nas pessoas uma necessidade ainda maior em compartilhar suas histórias através das mídias sociais. Porém, as publicações começaram a ocorrer cada vez mais com caráter sexualizado e de status, principalmente entre crianças e adolescentes.

Para estudar este fenômeno e compreender melhor como e por que de fato isso ocorria, Lauren reuniu 1.000 adolescentes americanos ao longo de um ano para estudar seus comportamentos através de grupos focais e acesso às suas mídias sociais, monitorando todo o conteúdo desenvolvido por eles.

“Cada vez mais cedo os jovens são apresentados à pornografia, utilizando computadores de pais e assistindo conteúdos de influencers”, diz Greenfield – que complementa: “antigamente, adolescentes tinham diários. Hoje, usam as mídias sociais para contar sobre suas vidas .”

De acordo com Lauren, os impactos negativos que esta prática gera são muitos, dentre eles transtornos alimentares em busca do corpo perfeito, jovens se submetendo a procedimentos estéticos fortes para sua idade – como depilação a laser e cirurgias plásticas – e maior sexualização do próprio corpo em busca de aceitação e “likes”, que pode gerar transtornos mentais como depressão e ansiedade.

Cindy, uma das adolescentes participantes do experimento, deu sua opinião: “não acho que dançar na internet e usar roupas que mostram meu corpo me definam como pessoa “, mostrando o quão intrínseco a busca por aceitação está na mente da geração Z.

Aplicabilidade no cenário brasileiro

Trazendo a pesquisa de Greenfield para o ambiente brasileiro, é possível notar grandes índices do mesmo tipo de comportamento nos usuários.

Ainda que apenas 56% das crianças no Brasil sejam alfabetizadas, 82% das crianças e adolescentes no país possuem mídias sociais, de acordo com a pesquisa TIC Kids Brasil (2024). Destas, mais da metade possui entre 9 e 10 anos, marcando presença principalmente no Instagram e TikTok.

Além do alto número de crianças com mídias sociais ativas, 29% relatou que já sofreu algum tipo de ofensa no ambiente digital. De acordo com Fernando Lamano, Vice-Presidente do Núcleo de Estudos de Saúde Mental de Pediatria de São Paulo, “os impactos do bullying podem ser observados anos após a violência terem encerrado”. Lamano complementa informando que muitos dos praticantes do bullying, na verdade, foram vítimas em algum momento de suas vidas.

No contexto que Lauren traz, certamente a violência e pornografia que ocorrem através das mídias sociais corrobora para um ciclo vicioso ainda maior e tóxico, o qual deve ser combatido para evitar que gerações futuras continuem sofrendo com os impactos negativos de tais práticas.

Portanto, é neste sentido que as marcas possuem papel fundamental na sociedade, auxiliando na disseminação de informações sobre saúde física e mental e promovendo ambientes acolhedores e livres de julgamentos.

Marcas que inspiram

Dentro desta realidade, elencamos algumas marcas que se preocupam com valores éticos a serem passados para a sociedade, tendo como base o documentário de Lauren, exibido no SXSW 2025:

Always

Em conjunto com Greenfield, a marca de absorventes Always criou uma campanha publicitária (veiculada nos Estados Unidos) educativa e informativa em relação à saúde sexual de adolescentes. Nela, foram transmitidos valores de autocuidado não apenas para afastar os jovens da pornografia, mas também para diminuir a autocobrança que possuem por um corpo perfeito, o status ideal ou a beleza absoluta – totalmente ligados aos padrões de Hollywood abordados no início deste artigo.

Dove

Conhecida por suas ideias impactantes e acolhedoras, a marca se destacou no último ano com a campanha Beleza Real, que inclusive concorreu à categoria Glass no Cannes Lions 2024. A empresa ressaltou que não existe beleza apenas nos padrões de cada cultura, mas sim que qualquer mulher, independentemente de suas características físicas, é linda e única.

Heineken

Ainda que a marca comercialize produtos voltados para adultos, a Heineken se empenha para criar na sociedade a cultura de evitar bebidas alcoólicas enquanto se dirige. Apesar de não ter relação direta com crianças e adolescentes, certamente é um exemplo de empresa que busca perpetuar bons valores a médio prazo, auxiliando na moldagem de uma sociedade mais ética e moral.

Marisa

A loja de roupas femininas foi uma das primeiras grandes varejistas de seu nicho a desenvolver peças para mulheres mid size e plus size. A marca adotou uma postura de não incentivar a obesidade e, ainda assim, devolver conforto e autoestima para esta parcela de mulheres que muitas vezes acabam não se sentindo bem para sair pela dificuldade em encontrar roupas que sirvam e sejam estilosas.

Make B – Grupo Boticário

Certamente a marca de cosméticos brasileira está, cada vez mais, apostando na representatividade de pessoas portadoras de dificuldades motoras. No ano passado, o grupo teve sucesso com o lançamento de pincéis ergonômicos e, neste ano, no próprio SXSW, apresentou o Batom Inteligente no Innovation Awards, a primeira opção da América Latina para pessoas com deficiência poderem passar batom novamente sem ser uma tarefa estressante ou frustrante.

Obviamente, os cuidados das marcas com as crianças e adolescentes devem exceder os conteúdos direcionados exclusivamente para este público, uma vez que, atualmente, as crianças se inspiram muito em influencers, principalmente do ramo da beleza. Assim, é necessário moldar as campanhas publicitárias visando vínculos duradouros e construídos com base em relacionamentos éticos e morais.

Creativosbr conta com o patrocínio da NEOOH e LATAM para a cobertura da SXSW 2025. Fique por dentro de tudo o que acontece em um dos maiores festivais de inovação, tecnologia e cultura do mundo.

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