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Me tornei o que eu mais temia

Eu sempre fui o primeiro a chegar no serviço, mas também sempre fui o primeiro a ir embora, ali, no virar das 18h. Sempre fiquei na deprê com a musiquinha do Fantástico e meu ódio pelo Faustão ia muito além de suas piadas chatas e sua mania de interromper as pessoas, mas também pelo fato dele apresentar seu programa no final da tarde na véspera de uma segunda-feira.

Sempre postei memes do tipo: “odeio segunda-feira” ou “sextou”. Me casei com uma workaholic e sempre me olhavam torto nas agências que trabalhei por ir embora no horário, sendo que ninguém me parabenizava por chegar antes de todo mundo e ainda fazer o café. Tenho um irmão obcecado por trabalho e fui criado por um homem que, se deixar, vai trabalhar até depois de morrer. Mas nunca fui um workaholic, embora seja apaixonado pela minha profissão.

Sabe, sou um cara sistemático. Sempre fui muito focado no trabalho e concentrado dentro do meu horário de serviço, é fato. Mas quando dava meu horário eu costumava desligar a chavinha e curtir minha vida pessoal, tomar uma cerveja, ler meus livros, assistir minha televisão, escrever meus textos, namorar, sair…

Até eu abrir minha empresa.

Cá estou eu. De empresa aberta, com meus próprios clientes, jobs intermináveis e fazendo o que amo e sendo meu próprio chefe, me tornei o que eu mais temia: um workaholic. Abro o notebook de sábado, de domingo, acordo às 5h, às 6h, fecho o note às 22h, às 23h, às vezes nem fecho. Às vezes durmo, às vezes acordo de madrugada e vou pro sofá “trabalhar um pouquinho”; afinal, tive uma ideia que não pode esperar amanhecer.

Hoje tomo bronca da esposa – aquela, workaholic –,  acordo antes do chorar do bebê (pensou que fosse me dar baile e tirar meu sono, Nick? Hehe eu acordo antes, meu filho), segundas são domingo, domingos são segundas e por aí vai. Horário de almoço? Nem lembrava que isso existia, como rapidinho pra voltar a produzir. Se isso um dia vai acabar e eu vou voltar a ser um cara normal? É o que eu mais tenho medo de me tornar.

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