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Fonte: Divulgação

Eu roubo energia dos outros

Eu coleciono boas conversas, pois adoro um bom papo. Se você me perguntar qual é a minha diversão, é ficar conversando com pessoas que me são próximas. Ouvir suas opiniões sobre a vida, ou simplesmente sobre um jogo de futebol, me encanta. Eu entendo que as palavras são incríveis.

Na conversa, tenho a chance de conhecer bem uma pessoa — aquilo que a motiva, que a encanta. Pensando bem, eu gosto mesmo é de boas histórias, aliás, sempre gostei. Não sei bem de onde vêm essas paixões. Não lembro daquela cena clássica na minha vida, de meus pais lendo para mim antes de dormir, mas lembro como muitas histórias entraram na minha vida.

Minha memória é pródiga em gravar esses momentos assim. Sou capaz de repetir a história contada nos mínimos detalhes; fico achando que me alimento desse conteúdo. E isso me fez entender como o foco determina nossas paixões, nossos interesses e nossa busca por conhecimento.

Fiquei pensando na origem disso e me lembrei que sempre gostei de estar na mesa dos adultos. Para mim, era sempre onde estava a conversa mais interessante. Entendo hoje que todas as crianças gostam disso e que este era, no passado — a mesa dos adultos — a nossa primeira percepção de rede social.

Era ali que histórias eram contadas, relembradas, e que muitas piadas eram ditas. Para um moleque como eu, este era um momento em que bebia cada palavra. Eu me alimentava disso. Consigo lembrar de muitos momentos como esses, consigo lembrar de quem contou cada história.

Com o tempo, meu mundo cresceu. Eu ganhei os ambientes escolares e, mais tarde, na faculdade, tive a chance de ouvir grandes profissionais em palestras. Para mim, a conversa era a mesma. A diferença é que, se quisesse participar, teria que perguntar.

Tenho muitos amigos. Minha mulher me lembra que nem todos são amigos, mas posso dizer que tenho um número muito especial de amigos de fato. Hoje, a tecnologia me permite manter contato com eles regularmente, seja com mensagens, seja com textos que compartilhamos, mas eu, de fato, me obrigo a agendar encontros regulares, onde colocamos a conversa em dia.

Já faz um tempo que tive que me acostumar com relacionamentos à distância. Sofro muito com isso, pois a experiência me fez ver que, com o tempo, perdemos a sintonia. Como não falamos regularmente, a conversa fica mais difícil, tendendo mesmo a ficar como as famosas conversas de elevador, onde se fala apenas de amenidades e onde parece ser impossível se aprofundar.

Recentemente, vivi algo muito especial. Na minha última viagem, passei seis dias quase completos com três pessoas que amo muito, e isso foi tão intenso e tão forte que, em uma das noites, após o jantar, tivemos uma conversa muito especial. Sei que nos lembraremos dessa conversa por toda a vida, e ela só aconteceu porque tivemos vários dias de conexão profunda.

A tecnologia salva vidas, diminui as distâncias e levou o homem à Lua, mas, se posso te dar um conselho: tenha contato próximo com as pessoas que você ama. Seja analógico sempre que puder — uma mesa, dois cafés e tempo para conversar; um almoço que não tem hora para terminar.

Somos seres relacionais. Intimidade é o que nos permite transformar a vida dos outros. Eu sou parte de muitas pessoas. Posso te dizer coisas que roubei de queridos amigos e que trouxe para minha vida. Sou um homem melhor por causa deles, e eles sabem exatamente como me sinto só de ouvir meu alô ao telefone.

Muitas vezes, é essa energia que preciso para continuar acordando todos os dias pela manhã.

Agende um encontro com uma pessoa que você ama.
Boa semana!

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