Gostaria de falar sobre pessoas generosas, aquelas que cruzam nosso caminho e adicionam algo positivo às nossas vidas. São indivíduos que investem em nós sem esperar recompensas. Sim, exatamente, eles não têm expectativas de retorno…
Se estivessem esperando algo em troca, não seriam generosos; seriam apenas pessoas com uma visão específica, que investiram em nós com objetivos futuros. Não vejo problema no interesse, é algo natural. Muitas pessoas compartilham suas vidas buscando algo, mesmo que seja apenas o conforto de nossa companhia.
Este texto destina-se a destacar aqueles que realmente não esperam nada em troca. Minha inspiração para isso veio do incrível Emicida. Sou fã e seguidor fervoroso, assisti ao show “AmarElo” no Netflix umas cinco ou seis vezes, altamente recomendado. Foi dali que absorvi a seguinte lição: quem tem um amigo tem tudo.
Quem me conhece sabe que tenho três pessoas, atualmente (embora isso possa mudar amanhã), que adoraria conhecer e ter pelo menos 30 minutos de conversa. Tenho perguntas prontas, embora saiba que talvez nunca consiga alcançá-las. Minha lista inclui Lewis Hamilton, J.K. Rowling e Emicida.
São três indivíduos que admiro profundamente, mesmo sem conhecê-los pessoalmente. Entendo que suas realizações, escritos, músicas e vitórias têm um impacto impressionante. Pode ser que não sejam incríveis para você; sua lista pode ser diferente, e eu respeito isso. No entanto, esses três nomes deixaram um legado notável que me motiva bastante.
Este ano, comecei a esboçar minha abordagem para uma possível conversa com Emicida. Recebi um presente especial: um vídeo que mudou minha vida e inspirou este texto que espero que aprecie. Emicida compartilha sobre uma de suas professoras, Rita de Cássia, e como ela capturou sua atenção usando a linguagem dos quadrinhos, algo que ele sempre adorou. Em um momento do vídeo, ele diz: “Ela me deu o mundo.” Vou deixar por aqui, pois quero que assista, sinta a emoção e dê mais significado a este texto.
[Link do vídeo – https://www.youtube.com/shorts/8nVrYjx07yo]Você já investiu na vida de alguém? Rita de Cássia investiu na vida do jovem Emicida. Alguém pode argumentar que ela viu talento nele, o que respeito, mas minha experiência como educador me leva a crer que ela fez o que sempre fez em suas turmas: encontrou uma maneira de apresentar sua disciplina.
Eu tenho déficit de atenção (TDAH), descoberto apenas na idade adulta. Não sei como cheguei ao final do ensino regular. Na faculdade, já tinha aprendido a sobreviver, buscando caminhos próprios para me concentrar e, principalmente, para aprender.
Entendo que essa experiência contribuiu para me tornar um professor melhor. Minhas aulas sempre foram inspiradas no teatro, pois acredito que os professores têm muito a aprender com essa arte. Usei interpretação, dinâmicas de grupo, jogos e simulações em minhas aulas, o que me permitiu compreender que as pessoas são diferentes, e não é possível criar uma única narrativa.
Ensino porque amo ensinar. Foram 13 anos como professor em duas instituições em São Paulo, sempre encarando essa jornada como um momento de diversão. Alguns professores podem discordar, mas para mim, ensinar era uma forma de descompressão, geralmente no final do dia, após o expediente do meu outro emprego.
O ensino é um dom, e devo dizer que só sei ensinar. As outras habilidades foram desenvolvidas com muito treino e disciplina. Desde cedo, percebi que a disciplina era a chave para o sucesso. Se tenho alguns talentos hoje, devo tudo à disciplina, talvez meu principal talento.
Aprendi com vários professores, mas uma professora em especial me presenteou com uma lição que mudou minha vida. Não lembro do seu nome, mas recordo de uma frase dela que teve um impacto significativo. No primeiro ano do ensino médio, tive que apresentar um pequeno texto sobre matéria-prima à frente da sala. Infelizmente, o papel tremia tanto que não consegui ir bem. A classe riu, mas minha professora me incentivou a continuar até o fim, e suas palavras finais foram cruciais: “Nós temos que mudar isso.”
Não consigo recordar de ações diretas dela em relação a isso, mas seu comentário me deu forças para mudar. Decidi e mudei.
Obrigado, Rita de Cássia; obrigado, Emicida!
A história que Emicida compartilha sobre sua professora, Rita de Cássia, me faz admirar profundamente essa mulher. Admiro não apenas sua paixão, mas, acima de tudo, sua felicidade ao desempenhar seu papel. Ninguém demonstra amor pelo trabalho sem amar o que faz.
Emicida diz que ela o tirou de um bueiro e, o mais incrível, deu a ele o mundo. Não sei se um dia terei a oportunidade de conversar com Emicida, mas sei que, se acontecer, este será um dos assuntos.
Parabéns, professora Rita de Cássia!
Se eu puder lhe dar uma tarefa, gostaria de incentivá-lo a pensar em alguém que foi fundamental em sua carreira. Se possível, ligue, envie uma mensagem e agradeça! Eles podem não esperar nada, mas certamente você ganhará muito!
Sucesso em sua carreira!