CreativosBR

Fonte: unsplash

HomeBlogConteúdoEstamos distraídos o tempo tod...

Estamos distraídos o tempo todo

Desde que iniciei meus estudos em comunicação no início da faculdade, há 38 anos,
enfrentamos continuamente o mesmo desafio: a publicidade sempre busca conquistar a
atenção. No Brasil, onde temos uma oferta constante de conteúdo de alta qualidade, os
anúncios precisam competir diretamente com o próprio conteúdo para se destacarem,
enfrentando o desafio de cativar o público.


A falta de um anúncio de qualidade implica, muitas vezes, depender apenas da repetição.
Profissionais de mídia habilidosos buscam garantir o volume de exposição necessário para
conquistar a atenção quando sabem que o comercial não é tão bom. No entanto, hoje nos
deparamos com uma sobrecarga de informações nunca vista. O acesso a uma quantidade
imensa de dados e opções de conteúdo, seja para adquirir conhecimento ou entretenimento,
torna imperativo que consumamos com maior consciência.


Estamos incrivelmente conectados, concorda? Considere por quanto tempo você consegue
ficar sem olhar para a tela do seu celular. Conhece pessoas que vivem alimentadas por cliques,
pelos resultados de suas ações na rede? Eu pessoalmente conheço muitas.


Um estudo realizado pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de
Administração de Empresas de São Paulo (FGVcia) revelou que no Brasil existem 464 milhões
de dispositivos digitais. Apenas em celulares, temos uma média de 1,2 smartphone por
habitante, totalizando 249 milhões de celulares inteligentes em uso no Brasil.


Além do fato de quase todos no país possuírem um celular, usamos esse dispositivo
constantemente. Embora eu não tenha encontrado um estudo mais recente, em 2019, uma
pesquisa da consultoria inglesa Tecmar indicou que as pessoas pegam seus celulares, em
média, 221 vezes por dia. Acredito que esse número possa ser ainda maior atualmente.


Seu celular possui uma quantidade significativa de informações sobre você. Algoritmos buscam
incessantemente sua atenção, coletando dados sobre seus hábitos. A proliferação de
aplicativos e a interconexão entre eles geram uma base de dados muito específica, resultando
em notificações, mensagens e informações direcionadas para conquistar sua atenção.


Estamos viciados em conexão. As pessoas não conseguem se afastar de seus celulares. Observo
indivíduos caminhando e conversando ao telefone, e o uso frequente de fones de ouvido criou
uma categoria de pedestres que, apesar de aparentemente falarem sozinhos, estão, na
verdade, interagindo enquanto se locomovem. Essa urgência absurda me preocupa, pois pode
colocar vidas em risco.


Será que não podemos permitir pausas? Será que não é possível desviar o olhar da tela e
apreciar o caminho e as pessoas ao nosso redor? A inundação de estímulos e informações
pode gerar uma distração profunda, fazendo com que nem sempre estejamos presentes
fisicamente nos locais onde estamos.


Embora a constante conexão possa ter vantagens em alguns casos, como assistir a filmes
durante o transporte público ou manter contato por texto com amigos e familiares quando
estamos sozinhos, os celulares frequentemente criam distração.


Por isso, é crucial questionar: quem possui quem? Eu tenho um celular, e ele me auxilia muito,
mas ele não pode ser minha principal companhia. Gosto de observar o comportamento das
pessoas, mas não compreendo a opção de conversar com alguém que não está presente, em
vez de interagir com as pessoas ao redor. Talvez o erro esteja em escolher as companhias
inadequadas para almoçar ou em subestimar o valor da desconexão como algo relaxante.


Durante o tempo de trabalho, o celular é uma ferramenta indispensável. No entanto, é
importante aprender a se afastar dele nos momentos de descanso. Se não for possível desligálo, ao menos deixe-o em outro cômodo da casa. Busque outras atividades ou simplesmente
não faça nada. Já notou que, geralmente, quando alguém não tem nada para fazer, acaba
consultando o telefone?


Atualmente, vejo pessoas sendo dominadas por seus celulares. Elas não são mais proprietárias
de um dispositivo; na minha opinião, tornaram-se parte do sistema, escravas de algoritmos que
usam seus interesses para alimentar a busca incessante por atenção.


Desejo sucesso em sua carreira!

Leave A Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Shopping Basket