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Entrevista: Amadeu Nogueira

 

CreativosBr – Como você avalia o ensino da Mídia nas Universidades? Em sua opinião, a grade curricular da disciplina é de qualidade e está alinhada  com a exigência do mercado atual?

Amadeu Nogueira – A grande dificuldade da prática de mídia é a ausência de pesquisa de mídia nos ambientes universitários. A prática mesmo profissionalmente é tão mais eficiente quanto for o embasamento de pesquisa seja ela de qualquer fonte confiável. É difícil praticar dentro das universidades sem os estudos regulares do mercado. Melhorou muito até porque o Marplan e Ibope tem colocado alguns estudos básicos em algumas das escolas mas o universo é bem maior de escolas e de alunos.

CreativosBr – Qual o interesse dos estudantes do curso de Publicidade pelos departamentos de mídia das agências?

Amadeu Nogueira Felizmente o quadro tem tido uma mudança. Antes, quase nenhum aluno tinha interesse pela área, todos praticamente queriam criação, agora entenderam que mídia é Planejamento, e mais do que isso, planejamento estratégico de contatos.

CreativosBr – Neste longo tempo na atividade de docente, você lecionou para alunos que se tornaram grandes nomes do cenário nacional e até mundial da propaganda. É possível identificar ainda na faculdade, essas “joias raras” que muito possivelmente irão se destacar na profissão? Qual o perfil desses “diferenciados”? Gostaria que falasse um pouco a respeito.

Amadeu Nogueira – Realmente dar aulas é uma experiência incrível. Parece que quem mais aprende é quem ensina. No ambiente da classe fica evidente o sucesso profissional quando o aluno “de fato” participa da aula. É aquele questionador, participante que se dará bem no mercado. Tirar nota alta não significa mais sucesso. Pode identificar o aluno que estuda mas a nota verdadeira é dada pelo mercado ou pela vida. Essa nota vai depender do interesse que nasce quando ainda aluno.

CreativosBr – A Prova de Certificação do Grupo de Mídia de São Paulo está no quarto ano e por ela já passaram centenas de profissionais. Porém da mesma forma, que muitos elogiaram a iniciativa, muitos outros profissionais reclamaram deste “atestado” de conhecimento para aqueles que já atuam no mercado. Você é a favor da Prova de Certificação de Mídia?

Amadeu Nogueira – Eu acredito que a certificação pode contribuir até mesmo para demonstrar quem não está preparado plenamente. Na certificação existe o contato com pessoas do mercado que fazem parte do Grupo de Mídia e que são profissionais altamente qualificados. Lembro-me que quando comecei a ter contato com o planejamento de televisão e o GRP era algo desconhecido ou novo no mercado, embora já tivesse feito o curso de comunicação, fui aprender num curso da APP feito pelo Otávio Florisbal que acontecia muito cedo uma vez por semana e que me demonstrou não só o que era o tal GRP mas como adaptá-lo a realidade do mercado brasileiro, algo que só poderia ser exemplificado por um profissional do nível do Otávio.

CreativosBr – Você sempre foi um defensor do rádio e até recentemente escreveu um livro a respeito. Embora o meio tenha se mantido estável no que diz respeito ao faturamento, o rádio não consegue aumentar o seu share de investimento ano após ano, em nosso país. Você acredita que a nova maneira de consumir mídia nas grandes cidades, e principalmente dos jovens, seja o principal motivo?

Amadeu Nogueira – Eu acredito mas não tenho a certeza é muito difícil concluir principalmente para o público jovem que ficou multimeios, multiatitudes e multiinovadores. Se o rádio também for inovador no formato de contato com o público jovem também existirá uma nova oportunidade do jovem participar. O rádio não é mais só o aparelho é um som que pode estar em inúmeras plataformas.

 

CreativosBr – Recentemente, proprietários das principais emissoras de rádio do país se reuniram para discutir a o meio e uma das conclusões a que chegaram foi de que há uma necessidade na revisão das pesquisas e processos que norteiam os trabalhos do meio. Entre os profissionais, é unânime a reclamação de que as atuais pesquisas de audiência, distorcem o real alcance dos veículos, por não considerarem o consumo do meio nas plataformas digitais. Você concorda que com a aferição da audiência digital, o mercado daria maior atenção ao meio e poderia então, voltar a atrair maiores investimentos para o rádio?

Amadeu Nogueira – O rádio tem o problema crônico de pesquisa. Não são feitas boas pesquisas porque poucos compram ou compram esporadicamente. Os institutos aprimoram tudo que tem demanda. Essa é a oportunidade de mercado. Se não se compra pesquisa também não se pode aprimorar. O rádio já teve boas pesquisas e regulares mas hoje em dia o que vemos são compras isoladas e, se for fora de SP então são pesquisas semestrais ou anuais. Uma coisa leva a outra.

 

CreativosBr – Em sua opinião, o próprio rádio precisa se auto-avaliar? Você acredita que falte ao meio se modernizar, buscar novas oportunidades para atrair antigos e até novos anunciantes? 

Amadeu Nogueira – Todo o meio de comunicação deve fazer sua auto avaliação se possível toda semana, para analisar, conferir e criar novas oportunidades. O rádio em novas plataformas pode atrair anunciantes da mesma forma que essas plataformas alcançam consumidores. É preciso estar dentro delas.

 

CreativosBr – Recentemente foi lançado o livro “Jornalismo e Publicidade no Rádio – como fazer” escrito por ti em parceria com a jornalista Roseann Kennedy. É possível realmente quebrar o paradigma do distanciamento e fazer departamentos de
jornalismo e comercial trabalharem juntos dentro de uma rádio? Conte um
pouco sobre o que pretende o livro e a quem se destina.

Amadeu Nogueira – A idéia do livro surgiu para resolver duas situações dos cursos de comunicação: Os alunos de jornalismo não tinham contato com a estrutura comercial que envolvem as emissoras de rádio e o inverso é válido, os alunos de cursos de
publicidade pouco conhecem do funcionamento do jornalismo dentro do contexto editorial das emissoras. A Roseann teve experiência com seus alunos de jornalismo e ao juntar-nos percebi o quanto seria importante para o pessoal de propaganda. Acho que o livro esclarece esse objetivo principal e demonstra o quanto o jornalismo pode ser melhor aproveitado no sentido de ser o difusor deboas notícias dos produtos, marcas e serviços. Com a experiência do livro e com o entendimento que tive na visão da Roseann, percebi o quanto o jornalismo pode ser aproveitado como formato
de contato até mesmo para o trabalho de difusão de assessoria de imprensa, dentro das emissoras sem perder o brilho da notícia. Quanto ao paradigma dentro das emissoras hoje em dia diminuiu muito, e a tendência é dessas áreas estarem próximas para assuntos específicos de divulgação de editoriais que agradem ao ouvinte. 

CreativosBr – Em seu extenso currículo como profissional, gostaria de citar a inédita promoção JuntaBrasil, criada em 2003 em parceria com a agência  McCann Erickson (hoje W/McCann) para a Nestlé, em comemoração dos seus 80 anos no Brasil. Foi a primeira vez que emissoras e apresentadores concorrentes se uniram em prol de uma marca. Conte um pouco para nossos leitores sobre essa que é considerada por muitos, a maior promoção em TV que já ocorreu em nosso país.

Amadeu Nogueira – A promoção Junta Brasil  embora seja antiga com resultados de cartas colocadas no correio, pagas pelo consumidor para participar é um clássico da mídia porque juntos meios, veículos e pessoas em torno do próprio “slogan” da campanha que era juntar, juntar embalagens, juntar mídias, juntar apresentadores e artistas e colaborar com o programa fome zero porque quando o ganhador recebeu a sua casa, o mesmo valor foi doado para instituições sociais. Nesse sentido todos gostaram de participar e as emissoras de TV grandes canais aceitaram essa junção de comunicação na mídia. Nessa campanha havia um outro fato espetacular que era a entrada da Hebe por exemplo dentro do programa da Ana Maria Braga de manhã na Globo que, por sua vez entrava no programa da Hebe de noite no SBT. O lançamento foi feito juntando Faustão e GUGU em duas emissoras diferentes mas a junção aconteceu em tdos os sentidos. Para exemplificar, fora da tv,  em emissoras de rádio foi feita a mesma coisa. Nós utilizávamos o locutor de SP em emissora de SP falando por exemplo com locutores e emissoras do nordeste. Diariamente eles entravam simultaneamente no ar para falar e entrevistas ganhadores locais que faziam parte do programa que existia ao vivo.

CreativosBr – Prof. Amadeu, o Blog do Crespo agradece sua atenção em responder detalhadamente cada uma das perguntas e deseja um excelente 2014. Um abraço e mais uma vez, obrigado.

 

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