Isso já havia acontecido em 1999.
Dez anos depois, a história se repete.
Pensei: “Não é possível uma coisa dessas”!
Toda a Região Sudeste e parte da Centro-Oeste do país foram afetadas pelo apagão.
Eu estava trabalhando e os problemas já foram sentidos ainda no estacionamento, onde todos queriam sair juntos e a confusão foi mais do que certa.
Depois de vencida a primeira batalha, na tenttiva de voltar para casa, às escuras, tive que enfrentar o já terrível trânsito de São Paulo, desta vez, obviamente, sem nenhum semáforo funcionando. Era a lei do mais malandro. Quem era mais ousado levava vantagem nos semáforos desligados e nos demais cruzamentos.
No trânsito nervoso da cidade, além das buzinas e gritos dos mais exaltados, ecoavam dos carros, os sons das rádios que procuravam da melhor forma prestar serviço aos seus ouvintes.
Por mais de quatro horas, as pessoas, acostumadas a lidar com internet e televisão só tinham o rádio como fonte de informação.
Queria saber que rua ou avenida em São Paulo estava com melhor trânsito? A rádio te respondia.
Queria saber se sua avó lá no litoral também estava sem energia? A rádio te respondia.
Queria saber o que havia acontecido? A rádio tentava te responder, porque as autoridades demoravam para se pronunciar.
Queria avisar sua família que você estava dentro de um ônibus preso no congestionamento? A rádio te ajudava.
Enquanto fiquei no carro, ouvia as informações da Rádio Bandeirantes e ao chegar em casa, me rendi às informações da Rádio CBN, que era sintonizada através de um celular pré-pago que sempre ficou jogado em alguma parte da estante da sala.
Pois é, foi a vez do radinho de pilha. Quem diria, hein.
TV e notebook e pcs ficavam encostados ao lado de uma vela acesa na sala.
Mas voltando ao rádio, que força tem esse meio de comunicação. A interatividade e o imediatismo, características particulares do meio, foram de fundamental importância na escura noite de ontem.
Uma mídia tão importante e não decola no investimento publicitário.
Milhares de ouvintes de todo o país, entravam em contato com as emissoras com o objetivo de compartilhar informações. Era gente que queria saber se o metrô estava parado mesmo. Tinha gente querendo saber se tinha previsão de volta da energia. Tinha gente que queria informar sobre as condições de “luminosidade” na sua cidade. Tinha gente que queria avisar a família que ia chegar mais tarde. E tinha gente, que queria ajudar os demais cidadãos. Era um caminho melhor ou uma rua que deveria ser evitada. Que bela prestação de serviço. Um verdadeiro ato de cidadania. Uma ajuda coletiva.
Sou fã de internet, mas coitada. Ficou de entregue ao apagão. Lembrem-se: ainda são poucos brasileiros que conseguem acessar a rede do celular.
Poderíamos ainda falar dos anunciantes das rádios que de certa forma, foram premiados ontem pelo “apagão”. Audiência máxima.
Vou fazer um adesivo: Eu amo o rádio!!!