Por: Luana Olave, Head de Operações da DZ Estúdio
Nos bastidores das campanhas que moldam marcas e influenciam comportamentos, existe um universo de desafios complexos. Agências de publicidade, verdadeiros laboratórios de ideias e dianteiras estratégicas, enfrentam um equilíbrio delicado entre a busca pela excelência criativa e a necessidade de manter a saúde financeira. Outros desafios são igualmente percebidos quando falamos em cultura e fluxos dentro das agências, constantemente influenciados por fatores externos. Se lançarmos um olhar sobre todas essas esferas ao mesmo tempo, eu apostaria que sim: que o nosso mercado é, sim, um dos mais complexos, pelo menos da nossa época.
Temos um estereótipo de sermos muito ecléticos: talvez por natureza, talvez por obrigação. Quando falamos de relacionamento com o cliente, sabemos da exigência de um aprendizado contínuo e de uma capacidade de adaptação constante. A natureza multifacetada dos profissionais de publicidade é impulsionada pela necessidade de compreender diversos mercados e tendências. Entender como os clientes tomam decisões, quais gatilhos emocionais os influenciam e como a comunicação não violenta pode construir relações mais sólidas são habilidades cruciais para o sucesso. Quase nenhuma agência é especialista em apenas um segmento, isso significa um volume de informações gigante, para além das entregas, circulando em nossos e-mails, chats e WhatsApp.
Quando falamos de cultura, por melhores que sejam nossos guias éticos, nossa estrutura física (ou digital), por mais conscientes que sejam os líderes e engajados nossos colaboradores, temos paredes permeáveis: os clientes são atores muito ativos na cultura das agências. Se os clientes possibilitam trabalhos com espaço para criação inovadora, teremos profissionais mais ousados; se os trabalhos que eles demandam estão sempre com prazos esgotados, teremos profissionais mais estressados. A famosa máxima de “educar o cliente” esconde uma verdade incômoda: o cliente, muitas vezes, é um reflexo do seu próprio ambiente profissional, onde a pressão e a urgência moldam suas demandas e expectativas.
Quando pensamos em fluxos operacionais dentro da publicidade, cada job é um job. Cada cliente é um cliente. Apesar da implementação de fluxos de trabalho e responsabilidades bem definidas, a inovação inerente (e esperada) a cada projeto exige das agências uma constante adaptação e um alto nível de gestão: as particularidades que esse projeto propõe – quanto mais particular, mais inédito, mais inovador, mais interessante, mais descobertas no caminho – envolvem mais pessoas e planejamento de novos fluxos.
Mas, quando falamos em rentabilidade, um tema tão sensível em qualquer empresa, no mercado de agências ele parece um quebra-cabeça sempre faltando peças. Trabalhos complexos exigem profissionais experientes, que merecem remunerações cada vez maiores – profissionais qualificados são muito requisitados no nosso mercado. Os clientes, por sua vez, precisam ampliar as frentes de atuação em um cenário mais complexo de comunicação, e estão negociando contratos cada vez mais enxutos com diferentes parceiros. Com isso, nos deparamos com uma divergência entre modelos de remuneração baseados em volume de entregas e a crescente demanda por estratégia e expertise especializada – que garante a permanência do cliente.
Ainda não se foi o tempo das grandes contas com investimentos milionários em mídia – uma das principais fontes de remuneração de grandes grupos de comunicação, mas essa não é a realidade da maioria das agências. Nosso trabalho é cada vez mais minucioso, com mais especialistas e com cada vez mais profundidade. Entre criar um filme e rodar no intervalo do Fantástico, ou criar dezenas de peças e hipersegmentar o contato com o público, há uma diferença abismal no volume de trabalho.
Apesar dos desafios complexos e das constantes mudanças, o futuro da comunicação é – e sempre foi – promissor. As agências que souberem navegar nesse cenário, investindo em tecnologia, aprimorando seus processos e cultivando relacionamentos sólidos com seus clientes, estarão na vanguarda da transformação. Acreditamos que a paixão pela comunicação, a criatividade e a busca incessante por soluções inovadoras continuarão impulsionando o mercado, e que as agências, com sua expertise e visão estratégica, serão peças fundamentais na construção de um futuro vibrante e inspirador.
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