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Delebs: o “marketing” póstumo que divide opiniões

Neste ano, o primeiro caso de um filme publicitário usando a imagem de uma artista falecida aconteceu no Brasil e causou grande polêmica, com direito até a um processo junto ao Conar.

Mas o curioso é que essa movimentação não é novidade.

Nos Estados Unidos, usar o que eles chamam de Delebs (dead celebrities) em campanhas publicitárias é algo comum e que acontece desde 1992.

Lá já é possível até curtir um show com um holograma que interage com outros cantores e com a plateia mesmo com o cantor estando falecido há décadas.

Tupac Hologram Snoop Dogg and Dr. Dre Perform Coachella Live 2012

As Delebs fazem tanto sucesso por lá que mega artistas como Marilyn Monroe conseguem arrecadar até 30 milhões de dólares por aparição.

Diet Coke (1992) 

O primeiro comercial usando Delebs aconteceu em 1992 com a Coca-Cola. O filme foi estrelado por Humphrey Bogart, James Cagney e Louis Armstrong usando clipes antigos de filmes e séries de TV para criar seus momentos no curta.

O filme não criou grandes discussões, mas gerou uma tendência que se inflamou durante décadas no país. 

A opção de escolher artistas e celebridades mortas para publicidade usa como argumento o Q Score.

O Q Score mede o quão positiva é a reputação de uma celebridade e quanto risco ela pode trazer. As Delebs representam pouco risco porque não podem mais ter ações que envergonhariam a empresa e muitas delas deixaram um grande legado.

Numa sociedade que não desaprova socialmente a prática, Delebs são as escolhas mais seguras.

Artistic New Audrey Hepburn Galaxy Chocolate Commercial 

O primeiro comercial nesse nicho a realmente ousar com a tecnologia é esse filme usando a Audrey Hepburn que não usa uma colagem de clipes.

As técnicas utilizadas neste comercial foram inovadoras. A equipe de 3D usou um extenso arquivo de mais de 70 movimentos faciais e construiu um modelo de software da Hepburn utilizando o catálogo completo de filmes da estrela, além de todas as fotografias de imprensa e documentários disponíveis.

Cada cena no anúncio envolveu a substituição completa do rosto por gráficos de computador.

Os dois filhos da Audrey autorizaram a publicidade da marca de chocolates sob a ideia que a mãe associava chocolate com liberdade.

O doce tinha sido a primeira comida que a atriz tinha recebido depois de ser libertada da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Essa campanha da Doc Martens com o Kurt Cobain vem para ilustrar o problema de usar Delebs.

Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, era conhecido por sempre usar os coturnos da marca, e a campanha Doc Martens Forever usou a imagem do cantor sem pedir nenhum tipo de autorização de sua esposa, Courtney Love, que ficou lívida com o uso da imagem de seu marido.

Depois de uma movimentação da parte dela, a marca assumiu o erro e emitiu um pedido de desculpas.

O grande problema que é pouco discutido nos Estados Unidos, mas que foi rapidamente captado no Brasil,é que os finados não podem consentir. Mesmo no caso da Audrey, é impossível prever se ela realmente gostaria de ser colocada dentro de um ônibus numa publicidade de chocolate e com o nicho de Delebs sendo algo tão lucrativo, é que a gente se pergunta: podemos mesmo confiar na família para decidir?

É muito comum dizer que as coisas na internet nunca morrem, e agora podemos dizer que nem as pessoas, né? Com o tamanho da pegada digital que uma pessoa normal deixa para trás, a sociedade moderna agora corre o risco de nunca poder descansar.

Esse é um assunto que tem muito a se discutir, mas queremos saber a sua opinião: você iria num show que usa um holograma de um artista que já morreu? Deixaria usarem a imagem de alguém da sua família por 30 milhões (reais, dólares, euros, qualquer moeda rs)?

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