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Decidi que não quero ter tantas certezas na vida

Esta semana, uma tarefa me levou a explorar as diferenças no processo de aprendizado entre jovens e adultos. Infelizmente, à medida que envelhecemos, perdemos a facilidade que as crianças têm em absorver novos conhecimentos. Ao examinar essa questão, percebi que, além das diferenças fisiológicas entre um cérebro jovem em formação e um mais maduro, o que realmente muda é a disposição diante da vida.

As crianças são naturalmente curiosas, buscando constantemente o novo e fazendo perguntas incessantes. Elas têm menos certezas sobre a vida, o que significa também menos preconceitos, já que possuem uma bagagem cognitiva menos desenvolvida. Isso as torna mais receptivas a novas informações, sem o filtro de ideias preconcebidas, sempre prontas para descobrir algo inédito.

Vivemos em uma era de aceleração exponencial, onde um ano atual parece equivaler a uma década do passado. A isso se soma o medo de ficar de fora, que nos impulsiona a manter uma conexão constante com as redes sociais, tentando, em vão, acompanhar tudo — o que sabemos ser impossível. Nunca houve tanta produção de conteúdo como hoje, especialmente nas redes sociais. Na cultura dos criadores de conteúdo, uma notícia compete com um vídeo enviado pela sua mãe no grupo da família do WhatsApp; tudo disputa por sua atenção, consumindo seu tempo.

Se você tem mais de 30 anos, faz parte do grupo de adultos que, cada vez mais, filtra o novo. Estamos tão sobrecarregados com informações que não conseguimos reduzir nossa bagagem cognitiva, rejeitando muitas novidades que chegam até nós.

Não me lembro do momento em que experimentei o primeiro sorvete, mas sei que foi uma paixão à primeira vista. Não precisei ponderar se gostava ou não daquele creme gelado em picolé ou massa. Eu simplesmente gostei, mas isso só ocorreu porque me permiti experimentar.

Com o tempo, criamos inúmeras conexões entre nossos neurônios, algo natural que nos ajuda a fazer escolhas, seja entre sorvete ou cerveja gelada. No entanto, o tempo nos torna menos abertos ao novo. Perdemos a curiosidade inata que tínhamos, e os cabelos brancos nos levam a temer o desconhecido, como se este nos ameaçasse com um mar de informações que não dominamos. Esquecemos que, quando éramos crianças, explorávamos o novo sem medo, sem nenhuma informação prévia.

Estou envelhecendo e optando por reduzir minha bagagem cognitiva, escolhendo ter menos certezas. Hoje, aprecio aqueles que discordam de mim, que tiveram experiências diferentes e cultivaram preceitos e preconceitos diversos. Eles criaram um mundo totalmente distinto do meu, resultando em pensamentos diferentes que, muitas vezes, me alegram. Eu não preciso concordar com eles, mesmo assim, eles podem me ensinar muito.

Não vejo mais as certezas como benefícios. Para mim, são limitações. A dúvida nos ajuda a pensar mais profundamente. Conversar com alguém e aprender algo novo é gratificante. Tenho me desafiado a fazer coisas novas todos os dias, mesmo que seja experimentar uma nova comida ou conhecer alguém próximo com quem nunca conversei.

Busco a diversidade e o pensamento divergente, pois isso é a base da inovação. Grandes ideias não surgem repetindo o que foi feito no ano passado. Música e arte muitas vezes nos perturbam porque sua essência é surpreender e nos fazer pensar, não apenas agradar de imediato.

Desejo ter menos certezas! Quero discutir a vida sem preconceitos, quero encarar o novo com a curiosidade de uma criança. Pode parecer simplório para você, eu sei, mas é assim que exercito meu velho cérebro hoje, deixando-o confuso com o novo que chega a todo momento.

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