Um exercício para desbloquear a criatividade e ampliar seu repertório.
Em 2021, a psiquiatra Anna Lembke lançou o livro “Nação dopamina: Por que o Excesso de Prazer Está nos Deixando Infelizes e o que Podemos Fazer para Mudar”. O best-seller sugere que estamos viciados em pequenas liberações de dopamina e um dos fatores de dependência citados é a tela.
Quantas vezes não nos perdemos por horas no celular assistindo vídeos de bichinhos atrapalhados?
Passei meses revisando meu comportamento para simplesmente constatar que sou, sim, viciado em telas. É claro que a maneira como se encara o problema pode ser afetada pela sua geração ou profissão. Passar 2 horas no TikTok ou assistindo reels, para muitos, não é um problema. Para criativos é tão problemático quanto – imagino eu – é para neurocirurgiões. Imagine um médico em um simpósio sobre novos tratamentos para fibromialgia, sentado, vendo duas horas de pegadinhas no celular. Não me parece muito produtivo. Existem profissões que exigem estudo constante. É inerente ao criativo manter-se atualizado. A fonte não pode secar. O criativo não é diferente do médico. Nossas inspirações vem de bagagem, prática e observação. Só tem referências quem consome.
Dito isso, me veio um pensamento esses dias sobre como rever meus hábitos e lembrei de como eu era muito mais curioso e enxerido em momentos de ócio, no longínquo tempo onde os vídeos do YouTube duravam 5 minutos. Eu observava mais, perguntava mais, estudava mais, desenhava mais, escrevia mais… Onde isso foi parar?
Meu novo mantra é “Consuma (quase) tudo.”
Pensando que hoje o algoritmo é treinado para vermos só conteúdos de nosso interesse, resolvi lutar contra os vídeos de gatinhos. Na minha timeline, “não passará!”. Ou passará, mas eu vou ver só um.
Uso as ferramentas viciantes agora como um centro de estudos. Seguir e ativar a notificação de perfis com conteúdos que agregam, faz parte desse novo eu. Dei aquele follow sem me arrepender em páginas voltadas à branding, revistas, jornais, portais especializados, diretores de arte, fotógrafos, artistas, psicólogos, e um outro tanto de gente interessante. No meio disso vai aparecer conteúdos indesejados? Vai, mas não vou pular. Pouco me importo com a situação do Corinthians, mas tudo é conteúdo.
Outra regra é: na rua, celular no bolso e olhos atentos. Posso até criar uma trilha sonora para o que estou vendo, mas “ouvidos abertos” é facultativo. Observo o comportamento da senhorinha andando na rua com seu cachorro, do casal discutindo na padaria, o menino de uniforme escolar no ponto de ônibus. Vale para tudo em qualquer lugar a qualquer hora.
E claro, fazer cursos, ir ao cinema, teatro, museu, ouvir novas músicas e podcasts, assistir a série da vez, obviamente entram na conta. Aqui vale o “Consuma Tudo”.
Se você quer dar um grau na criatividade, dê um grau também no seu consumo de informações. Poder personalizar nossa rotina pode abrir espaço para novas ideias.
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