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Fonte: Divulgação

Boas ideias sobrevivem ao tempo…

Vejo muita coisa ruim sendo veiculada em diversas plataformas de mídia. Entendo que nossa média hoje é bem ruim, mas, pelo menos para mim, a essência de uma boa ideia permanece viva. Para mim, boas ideias são simples e me cativam pela capacidade de nos constranger pelo seu brilhantismo.

Gostaria de estar perto quando o processo criativo acontece. Adoraria poder ouvir as ideias tomando forma e ver o sorriso no rosto das pessoas quando o inevitável acontece — quando temos, de fato, uma grande ideia.

Como bom professor universitário aposentado, eu coleciono cases. Este, em especial, é um que gosto muito. Tenho uma inveja boa dos criativos que tiveram essa ideia. Gosto dela em especial porque transcende as telas e o espaço publicitário, encontrando o público onde ele está: nas ruas, na leitura dos sites de notícias, nos programas de TV.

É uma ideia tão poderosa que se transformou em notícia — algo tão genial que qualquer um de nós poderia ter pensado. Imagino quantas pessoas já encararam o Touro de Wall Street, que tem uma ideia de intimidação, seja pelo tamanho, seja pelo movimento. Muitos passam por ali e nunca pensaram em enfrentar o Touro.

O Charging Bull (Touro Atacando), em Nova Iorque, é uma estátua impressionante de 3,5 toneladas. Foi criada pelo artista Arturo Di Modica em dezembro de 1989 e se tornou um dos pontos turísticos mais icônicos da cidade.

Em 8 de março de 2017, a agência McCann New York criou a Fearless Girl (Garota Destemida), uma ação publicitária que deveria permanecer apenas por algumas semanas em frente ao Touro, mas acabou se transformando em um dos maiores cases publicitários de todos os tempos — e permanece viva até hoje.

O objetivo da campanha era promover o SHE Fund, um fundo que investe em empresas com maior representatividade feminina em cargos de liderança, para o cliente State Street Global Advisors (SSGA).

A ideia consistia na produção de uma estátua de uma garota colocada estrategicamente em frente ao tradicional Touro de Wall Street, com uma placa que dizia:
“Conheça o poder das mulheres na liderança. Ela faz a diferença.”

Apenas com a instalação em Nova Iorque, a ação viralizou. Em poucos dias, foram mais de 1 bilhão de impressões geradas, e a estátua passou a atrair tanta atenção quanto o próprio Touro, ampliando a visibilidade do monumento e da mensagem por trás da campanha.

Em termos de resultados financeiros, o SHE Fund atraiu US$ 2,4 bilhões em novos investimentos. Indiretamente, a SSGA reportou que mais de 300 empresas incluíram mulheres em seus conselhos após a campanha. A ação conquistou 4 Grand Prix no Cannes Lions em 2017: Titanium, Outdoor, PR e Glass, além de vencer o EFFIE Awards e o Clio Awards.

Houve críticas. A SSGA foi acusada de discriminação salarial e falta de diversidade interna, o que resultou em uma multa de US$ 5 milhões para resolver o caso. Um bom exemplo de que é preciso ter cuidado antes de promover ideias que ainda não são tão praticadas internamente.

Mas, como tenho entendido, uma boa ideia é eterna — e o legado da campanha da Fearless Girl continua. Ela transcendeu o status de campanha publicitária, tornando-se um símbolo cultural de empoderamento feminino e da necessidade de maior representatividade feminina no mercado financeiro e em posições de liderança.

Hoje, a estátua pode ser vista em frente à Bolsa de Valores de Nova Iorque, onde também se transformou em outro ponto de visitação da cidade.

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