Álvaro é gerente de marketing de uma empresa de redes de proteção no interior do estado de Goiás.
Se formou aos 21 anos em Publicidade, cursou uma pós-graduação em Administração numa cidade próxima, a maior ali da região.
Álvaro trabalha duro das 8h às 18h, todos os dias. Nos quatro últimos anos contribuiu para que as vendas da empresa em que trabalha crescessem 324%. A empresa, com mais de 30 anos de mercado, nunca havia tido um crescimento desses. Álvaro tem uma verba anual de marketing que é do tamanho de 6 salários mínimos. Álvaro não tem uma sala bonita. Ele se senta num mesão que reúne mais um monte de gente da empresa. Álvaro também não equipe, mas abre um sorriso sempre que cita seu estagiário, em que ele garante ser o melhor que se pode ter.
Álvaro também não tem pesquisas de consumo de mídia, hábitos ou lazer. Em contrapartida, lê muito sobre o mercado de marketing, acompanha instalação das redes sempre que pode e conversa com cada cliente que decide pela empresa em que ele trabalha.
Ele sabe tudo dos concorrentes da região e tem na ponta da língua os diferenciais das suas redes.
Álvaro faz ainda todos os cursos de marketing que pode ou que aparecem na sua cidade. Não são muitos, lamenta!
Foca então em eventos online e gratuitos e, sim, garante ter cursado muitos nos últimos tempos. Mostra um caderno surrado como comprovação. Ele nem consegue contar quantos desses já participou.
Na última pesquisa do principal jornal da região – e que ele nem anuncia por questão de grana – a marca de redes que ele trabalha conquistou pelo terceiro ano consecutivo o top of mind na categoria. Álvaro mostra com orgulho os certificados que ainda estão na sua mesa já que, segundo ele, ainda não deu tempo de pendurar na parede.
Pena mesmo é que Álvaro nunca vai ser lembrado numa lista de melhores profissionais de marketing do Brasil.
A verdade é que Álvaro representa 99% dos bons profissionais de marketing do país que fazem muito com pouco, sem holofote e sem nome no jornal.
E que, até por consequência, não são reverenciados pelo mercado que, por grande parte das vezes, prefere reverenciar aqueles que fazem a gestão de granas milionárias e que sim, têm por obrigação fazer tudo dar certo.
Álvaro nunca ligou pra isso. Quando indagado, diz que quem deve sempre aparecer é sua marca e não ele.
Ah, Álvaro… que grande homem e profissional tu é! E olha que tu é só mais um personagem desses fictícios, mas cheio de verdades, criados pelo autor do texto. Ele trabalha silenciosamente, mas – junto a seu estagiário – entrega esforços cheios de resultados.
Talvez a grande ironia do marketing seja essa: alguns dos excelentes profissionais de marketing do país nunca precisaram vender a si mesmos.
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Uma resposta
Mais uma vez um texto cirúrgico aqui pelo Creativosbr. Parabéns galera!