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A menina que andava demais

Ela preferia andar. Nada de carro próprio, nem bike, nem Uber. Ônibus e metrô a deixavam irritada. “– Muita gente”, dizia. Recusava caronas, enfrentava ladeiras e gastava a sola andando. Sim, a pé. Não importava a distância, lá estava ela zanzando pela cidade, suando a camisa, respirando forte.

Soraya preferia a caminhada pelo aprendizado que ele proporcionava. Não literalmente, claro. Mas apenas andando ela podia prestar atenção em tudo ao seu redor; ouvir um podcast, um audiobook, observar a arquitetura da cidade, e até mesmo refletir sobre a vida. Tudo sem interferência das pessoas.

Todo dinheiro que economizava com o transporte, ela investia em livros e cursos; além e claro, em calçados confortáveis. Na contramão da sociedade, mudou-se para um apartamento mais distante do serviço; tudo para esticar o tempo de suas caminhadas. Pagava menos de aluguel por morar afastada do centro, e economizava na academia porque já fazia seu treino aeróbico com seu caminhar diário.

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Ah, e vale frisar que Soraya era extremamente feliz. Todo esse estilo de vida, se assim podemos chamar, era opção dela; tudo em prol do conhecimento. O único momento em que ela parava de andar era quando chegava em seu trabalho. Se sentava, respirava, pegava um café, e – nas respostas de “como vai?” – pacientemente respondia: “caminhando”.

“Caminhar é mais do que se manter em frente, é se dar a oportunidade de se manter à frente; e não dos outros, mas de si mesmo.” (CRESPO, Guilherme)

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