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A aula do garçom

Sábado, 28/11/2015, 23:35 Vila Mariana

Sem paciência para aprontar um delicioso quitute em casa, pego o carro e vou até uma hamburgueria algumas ruas acima.

Chego, sento e olho o cardápio.

A luz de todo o bairro se apaga e da boa casa de hambúrgueres também.

Todos gritam. Realmente muito escuro.

Peço um guaraná no lugar da coca para quem sabe melhor encontrar o copo na mesa.

Um garçom, aparentemente preocupado, vai de mesa em mesa pedindo para todos ficarem tranquilos que a casa possui gerador e nenhum serviço será descontinuado.

Continuo a observar o cardápio graças à obra de Steve Jobs.

Os minutos se passam e a lanchonete reduz drasticamente o número de clientes.

Noto que eram clientes que já haviam comido ou que nem mesmo haviam pedido.

Porém, alguns outros clientes provavelmente sem paciência de aprontarem quitutes maravilhosos em suas casas resistem à escuridão, assim como este que vos escreve.

Tenho medo de altura, não de escuro. É então que aquele mesmo garçom que citei anteriormente, se aproxima de mim. Iniciamos um diálogo:


GARÇOM: Triste isso, cara. Bem no Sábado.
EU: Essas coisas acontecem. Vocês não tem culpa. A casa esvaziou bem né?
GARÇOM: isso é péssimo. Pessoal fica com medo de assalto. Nada ajuda. Olha lá os garçons, tudo dando risada. 
EU: Verdade. Parecem felizes. Por que?
GARÇOM: Acham que a casa vai fechar e vão pra casa mais cedo. Eles não entendem que a casa cheia ajuda a manter nosso emprego. A casa cheia, dá dinheiro pro patrão. E o patrão com dinheiro mantém nosso emprego. Seja onde for, a gente tem que trabalhar como se fosse nosso. Eu tenho 3 filhas. To louco pra chegar em casa e ver as meninas. Mas To aqui, sei do meu compromisso. Quero casa cheia, quero suar de tanto trabalhar e ir embora só quando acabar.

Que aula.

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