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A arte de ouvir

Nos últimos anos, tenho me dedicado a aprimorar minha habilidade de ouvir. Não sou um bom ouvinte. Isso ocorre porque gosto tanto de falar que, muitas vezes, perco a atenção quando alguém está falando, algo muito indelicado, mas que ocorre porque já estou pensando em outra coisa que quero dizer.

Por conta disso, tenho investido tempo e atenção nos últimos dois anos para ser um melhor ouvinte. Quero dominar a escuta ativa, essa habilidade de demonstrar interesse genuíno pelo que o outro está dizendo. Isso ocorre quando ouvimos atentamente e compreendemos tudo o que a outra pessoa quer nos dizer. Para mim, isso requer disciplina e, principalmente, concentração.

Tenho usado algumas dicas que percebi ao longo dessa jornada, onde muitas vezes participei de uma conversa que poderia ser classificada como um monólogo. Eu adoro conversar, me encanta ouvir boas histórias e conhecer a realidade e a sabedoria popular que surge quando deixamos as outras pessoas falarem com calma e clareza.

A primeira dica é ouvir atentamente. Pode parecer meio óbvio, ou até mesmo bobo, mas no mundo em que vivemos, com tantas distrações, é essencial entender isso. Precisamos evitar interrupções ou mesmo distrações com outros pensamentos.

O nosso corpo fala, portanto, cuidado com a linguagem corporal. Muitas vezes, nossos gestos e nosso olhar revelam uma total falta de interesse, e isso faz com que as pessoas se desestimulem em continuar conversando.

Olhe diretamente para a pessoa, use as expressões faciais para demonstrar que está envolvido com a conversa. Um aceno com a cabeça pode bastar, e tome muito cuidado para não estar olhando para outro lugar, ou principalmente estar sempre consultando a tela do seu telefone celular.

Me desculpe se vou ser chato, mas boas conversas são feitas sem interrupções de celular. Para mim, isso é tão complicado que quando saio com minha mulher para jantar, eu entrego meu celular para ela. Caso contrário, este aparelho vai ficar buscando minha atenção durante todo o tempo.

Um outro bom hábito é fazer boas perguntas. E boas perguntas são aquelas que demonstram interesse em ouvir mais sobre o assunto. Perguntas abertas que fomentam o diálogo.

Um exercício bom para mim é conversar sobre um assunto que domino muito sem colocar minhas opiniões. É uma oportunidade para ouvir um novo ponto de vista. Muitas vezes posso nem concordar com as ideias da pessoa, mas isso me permite raciocinar muito mais.

A chave da questão é o interesse. Isso sempre ajuda muito, pois o interesse motiva a pessoa a falar. Se encontramos um assunto em comum, algo que duas pessoas gostam, está aberta a possibilidade de uma boa e longa conversa. Eu sou fascinado por momentos assim.

Hoje, em particular, gosto de conversar com quem pensa muito diferente de mim. Gosto de entender suas ideias, seus conceitos e até mesmo a raiz de seus preconceitos. Eu não quero converter essa pessoa às minhas ideias, mas sim entender como ela construiu suas convicções. Gosto de crer que posso mudar de ideia a todo momento, principalmente quando percebo que não tenho informação suficiente sobre algo. Faço isso sem medo.

Um importante elemento que nos impede de ouvir com precisão são os preconceitos que temos sobre a pessoa que fala conosco. Aprendi de forma cruel que muitas pessoas não discutem ideias, elas discutem pessoas.

Posso falar horas sobre alguns assuntos, posso ouvir sua opinião contrária à minha sem nenhum problema. O importante para mim é apenas o respeito de entender que não precisamos concordar sobre um assunto. Ao final destas conversas, muitas vezes tenho fortalecida minhas convicções ou não, mas o melhor é que tenho mais proximidade com meu interlocutor.

Lembro de uma tarde em que passei mais de 25 minutos defendendo um ponto de vista, quando meu superior me disse: entendo suas considerações sobre o assunto, para mim elas são muito claras, mas minha decisão é seguir em outra direção. Esse gestor era uma pessoa muito rigorosa, para muitos alguém bem difícil, mas fiquei feliz por ele ter me dado 25 minutos para expor minhas ideias. Ele me conquistou por demonstrar interesse.

Comece hoje, no almoço ou no papo no cafezinho na empresa, mas principalmente permita que as pessoas que você ama, que são de fato importantes para você, possam falar e serem ouvidas. Lembre-se, o primeiro passo é sempre o mais difícil.

Eu decidi ouvir mais, e você?

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