Nos últimos anos, fomos inundados por artigos, vídeos e postagens que ressaltam a importância do aprendizado ao longo da vida. Como de costume, adotamos anglicismos, e o “lifelong learning” passou a ser uma tendência. No entanto, para mim, o aprendizado contínuo, ou talvez, para adotarmos um bom termo em português, a Educação Permanente, é muito mais do que uma moda passageira.
Ao longo dos 13 anos em que atuei como professor, percebi que alguns alunos se destacavam mais, e isso nem sempre estava relacionado ao talento natural. Em muitos casos, esses alunos já sabiam desde cedo onde gostariam de atuar e, principalmente, tinham metas elevadas para o futuro.
O segredo do sucesso desses alunos não estava apenas em uma visão clara de futuro, mas no impacto que essa visão tinha em suas carreiras. Quando descobriam onde queriam chegar, definiam as áreas em que precisavam investir tempo e estudo para ampliar seus conhecimentos e aumentar seu repertório.
Embora eu aprecie as discussões sobre os “generalistas”, a verdade é que os maiores talentos que conheci ao longo da minha carreira se destacavam em áreas específicas. A responsabilidade pelo seu desenvolvimento profissional é, hoje, totalmente sua. Cabe a você buscar atualizações e, especialmente, estar próximo das pessoas que têm sucesso na sua área de atuação e de interesse.
Descobri isso cedo, pois sempre fui regular em meus talentos. Não me lembro de algo em que, por natureza, eu me destacasse. Minha principal virtude sempre foi a disciplina, e aprendi na minha experiência que podemos aprender qualquer coisa desde que dediquemos tempo ao treino e à orientação.
O mais interessante para mim foi descobrir, através dos livros de Peter Drucker, um conceito que vai muito além da educação permanente. Em um de seus livros, encontrei um conselho que adotei para a vida: no livro “Administrando a Si Mesmo” (Managing Oneself), Drucker nos ensina a investir em nosso próprio aprendizado e desenvolvimento pessoal, escolhendo temas de interesse para aprofundar nossos conhecimentos, independentemente do ambiente de trabalho.
O que mais me chamou a atenção foi justamente esse detalhe: “independentemente do ambiente de trabalho”. O conselho de Drucker é que você dedique um ou dois anos de sua carreira para estudar um assunto, seja cerveja, decoração, Olimpíadas, orquídeas, jogos de computador, história medieval ou qualquer outro tema que desperte seu interesse.
Não há problema em estudar um tema relacionado à sua área, como comportamento do consumidor ou gestão de banco de dados, mas aprecio essa perspectiva de que o leque de escolhas pode ser muito mais divertido e abrangente.
No ano em que a televisão completou 50 anos no Brasil, eu trabalhava em uma emissora de TV aberta em São Paulo e senti o desejo de conhecer mais sobre o meu mercado. Li uma série de livros sobre a história da TV, o que me deu repertório para ótimas conversas com colegas de trabalho mais experientes. Não sei quanto a você, mas sou um eterno curioso.
A leitura pode ampliar seus horizontes, mas se você não gosta de ler, hoje temos várias opções, como podcasts, vídeos e documentários. Dedicar tempo a um assunto que possa parecer sem importância ampliará seu conhecimento e fortalecerá a base do seu raciocínio e sua amplitude de experiências.
Uma dica que criei quando comecei a trabalhar no mercado de TV paga, e que uso para concluir este texto e deixar uma lição de casa interessante, é: nas empresas, convivemos com muitos talentos, pessoas que estão ao nosso redor e que possuem conhecimentos incríveis.
Quando estava na WarnerMedia, fiquei fascinado em entender mais sobre o mercado de produção. Foi assim que criei uma ideia inusitada, que se transformou em algo muito especial. Eu identificava profissionais que me chamavam a atenção — pessoas que eu conhecia pelos corredores, mas com quem nunca tinha tido a chance de trabalhar ou conversar. Então, fazia um convite para almoçar. Durante esses encontros, além de conhecer melhor a pessoa, eu perguntava tudo o que podia sobre sua atuação ou sobre um tema de interesse.
Foi assim que conheci Flávio Menna, diretor de operações da WarnerMedia, que me ensinou muito sobre a transmissão de futebol na televisão e o investimento em produção. Descobri que ele havia trabalhado no desenvolvimento de muitos sucessos da TV Globo. Nesse mesmo período, conheci Felipe Goulart, especialista em conteúdo também da WarnerMedia, que na época era responsável pela seleção de conteúdo do canal Space. Felipe se tornou uma referência para mim no assunto cinema. Isso fez muita diferença no meu trabalho na WarnerMedia e me deu conhecimentos preciosos que não conquistaria de outra forma, e o mais legal: acabei me aproximando de dois colegas com quem mantenho contato até hoje.
Você pode fazer o mesmo no seu trabalho. Como sempre incentivo em meus textos, não almoce sempre com as mesmas pessoas da empresa. Amplie seu networking e esteja sempre aprendendo.
As pessoas mais talentosas que conheci eram extremamente curiosas; a curiosidade é a base do aprendizado. Continue se desenvolvendo, continue investindo na sua carreira.
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