Lá estava ele, no palco, pronto para começar o número. O malabarista experiente, que há tantos anos treinava para encantar o público, sentia o frio na barriga por apresentar às pessoas presentes seu grande talento. O friozinho gostoso era um misto de paixão pela profissão, de adrenalina e, claro, da expectativa pelo aplauso no final.
Na plateia, a galera gravava o número com seus smartphones de última geração. Através da tela via o malabarista apresentar seu talento enquanto postava os vídeos instantaneamente nas redes.
Ninguém reparava no malabarista, de fato. Aliás, quem quer viver os momentos se, na verdade, pode compartilhá-los com os outros sem ter realmente vivenciado cada um deles?! Importante é se mostrar, é parecer feliz, mesmo sem estar.
O número chegou ao seu final. O malabarista segurou as balizas, dobrou o braço e curvou-se perante a plateia. E o silêncio reinou em um picadeiro sem aplausos.
A plateia, hipnotizada por seus celulares, postava freneticamente nas redes sobre o número que acabara de ver.
O malabarista então se retirou do palco, voltou para o camarim e, lá, tirou uma selfie sorrindo, postando-a na sequência em suas mídias sociais.
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