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Fonte: divulgação Pexels

Uma desconfortável carta à minha geração

Eu sei que você provavelmente acredita que este é mais um daqueles textos falando sobre como os C-Levels têm notado, cada dia mais, a dificuldade em trabalhar com a geração Z. De fato, este é o pressuposto deste texto, mas contado por uma pessoa da sua geração também – e que quer te ajudar a não passar por este esteriótipo.

Eu sou publicitária há 8 anos e, apesar de jovem e da mesma geração que você, jovem publicitário, tenho uma experiência de mercado que me permitiu ver e aprender tanto com os mais velhos, quanto com os mais jovens.

Claro que, com as questões de etarismo e de geração, os mais velhos costumam crer que eu não tenho conhecimento suficiente sobre o que vou falar; e os mais novos? Bom, provavelmente acham que tenho sorte por estar no cargo que ocupo hoje – mas te garanto que ir à Cannes com 23 anos não tem a ver com isto.

A verdade é que não há fórmula mágica nem 10 passos para chegar ao topo de forma rápida – até porque talvez o cume nem seja o seu objetivo. Entretanto, há sim 3 hábitos que, se você mudar na sua vida – e são chatos de mudar – certamente você se tornará um profissional mais valioso.

Leitura como hábito e não hobby

Eu sei que se você gosta de ler, certamente bate metas de leitura todos os anos. Mas quando se fala em crescimento profissional, é a qualidade do material que importa.

Certamente, se você quer ser um publicitário melhor, a leitura não pode ser apenas uma válvula de escape para os dias ruins – deve se tornar parte da sua rotina de busca por conhecimento.

Ler não mais é entrar nos contos de fadas apenas, mas também aprender mais rapidamente – e em profundidade – temas importantes para sua carreira.

Minha sugestão é que você sempre faça duas leituras paralelas: uma por prazer, e a outra por aprendizado. Para este último, aqui você pode conferir 18 livros que todo profissional de publicidade deve ler na vida (e dessa vez, a indicação não é minha).

A intenção da comunicação

É natural que, no começo da sua carreira, você tenha dificuldade em se comunicar. Afinal, não é o tipo de habilidade que aprendemos a desenvolver no colégio. Mais comum ainda, é sempre pensar que o outro que não te entendeu. E tá tudo bem, o nosso cérebro é programado para pensar dessa forma. Não é culpa sua.

Mas o que eu aprendi, nesses 8 anos de comunicação ininterrupta, é que a intenção das conversas deve vir antes do conteúdo ou da explicação.

Se você quer que um projeto dê certo, você certamente deve falar com jeito com as pessoas que dão ideias diferentes das suas. Se você quer que reconheçam seu trabalho, deve bem explicar os objetivos e plano de ação.

Não adianta chegar falando. É mais fácil e menos cansativo, mas no final só dificulta o processo de trabalho – tanto para você quanto para todo o time.

Se você escolheu trabalhar com comunicação, essa deve ser uma skill essencial no seu currículo.

Sugiro o TED Talks de Simon Simek, que aborda o poder do “porquê” ao invés do “como”. Certamente você verá a comunicação interpessoal com outros olhos.

Você não vai começar sua carreira com vida de influencer

Talvez essa seja a verdade mais difícil desse texto, porque incomoda. Antigamente, era publicitário quem amava a semiótica por trás de um comercial; ou quem era fascinado por planejamento.

Com as mídias sociais, cada vez mais vemos profissionais guiados pela promessa de que quem faz marketing é rico, nômade e já faz cinco dígitos por mês com um curso de 240 horas.

A verdade é que, pra você chegar no topo, precisa da experiência de quem já está lá. Precisa sim ir presencial. Precisa sim lidar com cliente. Precisa sim deixar de ir num show porque não sairia a tempo do trabalho.

Nada disso tem a ver com agências nas quais você trabalha o dobro de tempo, sem final de semana livre ou paz de espírito – isso é conteúdo para outro texto.

Isso tudo é a base que vai moldar a sua disciplina, seu planejamento e o seu entendimento de realidade. Apenas aprendendo isso é que, lá na frente, você será capaz de fazer seus próprios horários, trabalhar menos e flexibilizar o trabalho híbrido. Vai me dizer que você não lembra o quanto que o Daniel Larusso botou e tirou casaco, e no final o Sr. Miyagi não estava falando sobre vestir-se?

Não sinta que este texto é um ataque à nossa geração. A intenção dele – como mencionei mais cedo – é te possibilitar uma outra visão sobre a importância de processos, constância e disciplina no trabalho para que você alcance o que hoje você tanto almeja.

Agora, este texto deve estar incomodando. Mas anote essas orientações e coloque em prática na próxima semana. Eu duvido você não sentir melhora no seu trabalho. Depois volta aqui e me conta, tá?

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