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Reputação das marcas – O case recente do Burger King

Durante essa semana uma imagem tomou conta das redes sociais e foi alvo de indignação. A foto foi tirada no dia 13 de junho (terça-feira) na cidade de Lincoln, localizada no estado norte-americano de Nebraska. Ela continha basicamente o letreiro de uma unidade da famosa rede de fast-food Burger King, com os seguintes dizeres logo abaixo: “Todos nós nos demitimos. Desculpe a inconveniência”.

O recado foi colocado pelos funcionários para anunciar a decisão de uma demissão em massa. O fato por si só já é digno de espanto, mas a motivação por trás dessa ação é um fator ainda mais chocante: os funcionários alegaram estar trabalhando sob condições degradantes e precárias dentro do estabelecimento.

Rachel Flores, gerente-geral da loja, contou em entrevista ao site Today que seu desligamento da empresa foi antecipado após a repercussão da forma de protesto, mas desde o final de junho ela e outros seis funcionários já haviam enviado pedidos de demissão.

Segundo relatos da ex-funcionária, a gerência se recusava a contratar mais funcionários, mesmo diante da iminente necessidade, pois trabalhavam dois ou três funcionários, quando o número ideal seria entre cinco e sete, fato que sobrecarregava a equipe, composta pela metade da força de trabalho necessária para cada turno. A carga horária de trabalho chegava a até 60 horas semanais.

Muitos funcionários, inclusive, apontaram que não havia ar-condicionado na cozinha, o que prejudicava a ventilação do espaço e levou muitos deles a passarem mal com quadros de desidratação. Todos ali se sentiam profundamente esquecidos e desrespeitados pela atual administração.

Um porta-voz da rede Burger King disse em nota que notificou o franqueado para que situações semelhantes não se repitam e que a experiência de trabalho descrita nesta localidade não está de acordo com os valores da marca. Apesar do desfecho, o ocorrido reabre um debate muito importante, e por vezes deixado de lado devido ao caráter essencialmente capitalista de nossa sociedade: o respeito aos direitos trabalhistas e a manutenção de ambientes de trabalho que promovam empatia e harmonia com os colaboradores.

Trabalhar em um local que te trata com dignidade, que dá ouvidos a sua vivência e opiniões e se preocupa também com o seu bem-estar físico e mental é algo fundamental para que a relação de trabalho se estabeleça de forma amistosa. Nenhum direito trabalhista ou humano deve ser infringido.

Casos semelhantes e de maior gravidade já foram reportados diversas vezes pela mídia nos últimos anos, com por exemplo aqueles que envolvem principalmente a indústria de moda e marcas como Zara, Cori, Emme, Luigi Bertolli, Pernambucanas, Marisa entre outras,envolvidas em acusações de uso de mão de obra em condições análogas à escravidão em instalações próprias e confecções terceirizadas.

Carregar ocorridos como os citados acima, além de manchar a imagem de qualquer marca, diminui a credibilidade dela diante do público e reduz os ganhos, já que os consumidores não querem se vincular de nenhuma forma a práticas do tipo, deixando então de consumir, para que não sejam vistos como pessoas que compactuam com o que foi feito. Além de, obviamente, ser algo que infringe os princípios morais e éticos estabelecidos na sociedade, sendo configurado crime.

Então a dica que fica é: transfira seus valores diretamente para sua empresa, de forma transparente, e garanta que todos os colaboradores compactuem com eles também, como forma de zelar pelo cumprimento do propósito de sua marca e imagem. Aja sempre de maneira ética com seus funcionários, os respeitando como indivíduos dignos de serem ouvidos e terem seus pontos de vista considerados, além de proporcioná-los condições adequadas para que realizem suas funções com segurança. Administrar uma empresa requer uma liderança que caminhe junto com os funcionários, não só “mande e desmande”.

Impressões danosas como essas dificilmente são esquecidas pelo público, mesmo que sejam abafadas rapidamente por algumas mídias. Então vale a pena manter a atenção redobrada no cumprimento de todos os quesitos citados acima para que nenhuma das partes, tanto a marca quanto os colaboradores, sofram danos que os comprometam de alguma forma.

 

 

 

 

 

 

 

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