Preta Gil sempre foi muito mais do que uma artista. Cantora, atriz, empresária e comunicadora nata, a filha de Gilberto Gil nasceu sob os holofotes, mas construiu sua própria luz. Com uma voz que nunca se calou, Preta usou sua trajetória como ferramenta de transformação e representatividade.
Neste último domingo, 20, nos despedimos de uma artista que foi potência em tudo o que fez. Preta Gil faleceu aos 50 anos após dois anos de uma luta intensa contra o câncer. Sua partida não apenas comoveu o país, como reacendeu o reconhecimento da sua força como mulher e profissional.
Antes de subir aos palcos, Preta já brilhava na comunicação. Com apenas 16 anos, impressionou o grande Nizan Guanaes ao organizar um camarote de Carnaval em Salvador, fazendo com que o publicitário a convidasse para estagiar na DM9, SP. Preta também passou por produtoras como Conspiração e Dueto, onde trabalhou com grandes nomes da música e assinou filmes e clipes publicitários.
Já nos anos 2000, a artista decidiu lançar sua própria voz com o disco Prêt-à-Porter, mergulhando na música, mas sem deixar de lado seu lado estratégico na comunicação. Preta entendia o tempo, o público, o poder das histórias. Sabia que comunicar é mais do que vender: é tocar, transformar, provocar.
Em 2017, Preta se tornou sócia da Music2Mynd, hoje conhecida como Mynd, que é a maior agência de marketing de influência do Brasil. Fundada ao lado de Fátima Pissarra, Carlos Scappini e Juan Pablo Dubini, a Mynd representa mais de 350 nomes relevantes da música, comédia, esporte e internet como Pabllo Vittar, Luísa Sonza, Pequena Lo, Daniele Hypólito, entre tantos outros.
Com mais de 200 colaboradores, a Mynd é responsável por conectar seus clientes a marcas como Coca-Cola, Avon, Spotify, Banco do Brasil, Aliexpress, entre outras. Em 2019, venceu o Prêmio Caboré na categoria Serviços de Marketing, se tornando referência nacional.
Mas o que fez da Mynd algo além de uma agência de sucesso foi justamente o que Preta sempre defendeu: a valorização das histórias reais. Ao lado de Fátima, a artista abriu portas e ajudou a construir um espaço onde vozes antes invisibilizadas ganharam protagonismo.
Preta Gil nunca teve medo de ser quem era. Sua imagem, suas falas, seus posicionamentos foram sempre pautados por coragem. Falou sobre gordofobia, racismo, LGBTQIA+fobia, feminismo e saúde mental, sendo vulnerável sem ser frágil.
A artista entendeu cedo que toda escolha é uma mensagem e que todo corpo é um manifesto. Ser mulher, negra, fora do padrão, artista, empresária e livre em um país como o Brasil é, por si só, um ato político. Preta viveu com essa consciência e fez disso um farol para outras mulheres.
“As ditas minorias ainda são minorias de fato no mercado da publicidade, mas a gente já vê uma transformação. Pelo menos esse assunto já é pauta”, disse em uma entrevista ao Meio & Mensagem.
Seu legado será para sempre presente. Sua voz e potência seguirão vivas em campanhas, agências, vozes e todos os espaços que a Preta ajudou a construir.
Hoje, o mercado da comunicação se despede não só de uma artista, mas de uma das mentes mais inspiradoras que já tivemos. Uma mulher que soube unir arte e estratégia, humor e seriedade, comercial e político e que fez de sua existência uma força de resistência e abertura de caminhos para tantas outras.
Descanse em paz, Preta.
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