Galera, boa noite.
Acabei de ler um texto fantástico do Neto, que atualmente é vice presidente da Bullet.
No texto, que reproduzo aqui, nas linhas abaixo, ele manda um recado àqueles que fazem todos os dias para si mesmos, para seus professores e amigos, a pergunta: “Eu tenho alguma chance de conseguir um emprego numa agência”?
Leiam atentamente o texto abaixo:
Depois de responder mais de mil e quinhentas perguntas no formspring, percebi que existe uma questão recorrente feita por aqueles que estão começando a carreira ou saindo da faculdade. Uma questão que poderia ser resumida assim:
“Eu tenho alguma chance de conseguir um emprego numa agência?”.
Pensando bem, não é uma questão nova. Lembro que quando era assistente de diretor de arte, na época do paleolítico dessa profissão, convivia com essa dúvida. Será que um dia vão me dar uma chance? Será que tenho algum talento? O que será que eu preciso para virar um diretor de arte de verdade?
Cheguei a perguntar para o diretor de arte de quem eu era assistente: “Vem cá…alguma vez disseram que você não tinha talento para essa profissão?”
Ele lambeu o pincel [não, não existia computador naquela época] e respondeu: “Sim“.
A resposta me deu um certo alívio, afinal, ninguém nunca havia dito que eu não tinha talento…é certo que também não haviam dito que eu tinha, então arrisquei minha sorte: “e você acha que eu tenho talento para…”
“Não! E me deixa trabalhar, porra“.
Ou seja, se você está aí, inseguro, saindo da faculdade, entrando na faculdade, arrumando seu primeiro emprego ou desempregado atrás do primeiro emprego numa agência, não tema. A angústia do “será-que-eu-nasci-pra-isso?” todo mundo tem.
Então prepare-se, porque vou tentar responder justamente o seu caso.
Funciona assim: a não ser que você seja o próximo profissional genial, o Marcello Serpa da sua geração, vai ser muito difícil você saber se nasceu para essa profissão até que você adquira alguma experiência. Alias, se você acha que é o próximo gênio da publicidade brasileira, pare de ler este texto imediatamente por dois motivos:
Se você é mesmo um gênio, não tenho o que dizer a você.
Se você não é, então você não passa de mais um arrogante que acha que é, aí este texto não vai sensibilizá-lo.
Muito bem, já que você continuou, assumo que você tem alguma humildade, mas é inseguro de seu talento, como 99% dos profissionais iniciantes. E o que preocupa você é como adquirir a tal experiência se ninguém contrata você.
A resposta para esta pergunta não é muito animadora. Se você é quem eu estou pensando, tenho uma triste notícia para lhe dar: você é um commodity, um jovem padrão. Igual a você tem um porrilhão de estudantes saídos de cursos técnicos, faculdades, Miami Ad School…até Panamericana. Tem uns até que conseguiram fazer estágio em Nova Iorque, em agências da moda.
A esta altura você vai dizer “puta cara baixo astral”.
Mas espere, não desista. Já que você leu até aqui, continue mais um pouco.
Pense comigo: quanto antes você se der conta que você não tem muito a oferecer, quanto antes você se ligar que sua formação é mediana e que você tem um conjunto de talentos semelhante à maioria dos outros caras com quem disputa vagas, melhor.
Porque agora você só precisa descobrir alguns diferenciais para se destacar na multidão.
Se você perguntar quais são estes diferenciais para 10 profissionais, vai receber 10 respostas diferentes. O que eu posso dizer é a atitude que faz com que eu considere a contratação de um profissional inexperiente para a Bullet.
Então vamos lá:
Dedique-se. Não, você não vai sair na sexta-feira a tarde para chegar em Maresias sem trânsito. Ferrou velhinho. Você tem que mostrar que está na agência na hora certa e que sai da agência na hora que for. Você tem que deixar claro que a agência pode não ser a coisa mais importante da sua vida, mas que você está pronto para se dedicar à sua nova profissão. E isso não pode ficar só no discurso.
Tenha bom senso. Estou seguro que uma infinidade de ideias revolucionárias vem da cabeça de gente nova na profissão, como você. Gente sem vícios, com agressividade diante de velhos problemas. Mas por favor, pense antes de falar. Pense de novo. Não fique calado quando tiver certeza do que vai dizer. Mas evite falar tudo que vem a cabeça, porque que você vai ficar surpreso como algumas de suas ideias geniais já foram executadas alguns anos atrás. Alias, esse desafio [e odeio esta palavra] é uma das coisas que tornam essa profissão tão legal.
Informe-se. Não me refiro ao velho chavão de “conheça o que está acontecendo no mundo”. Conhecer o que acontece no mundo é importante, mas aqui, me refiro a conhecer sua profissão. Quem são os grandes talentos de hoje e do passado. Quais são as campanhas que você precisa conhecer. Está tudo aí nos anuários. Descubra um profissional que você paga pau. Tente entender como ele pensa ou pensava através de suas campanhas.
Perca a timidez. Mais de uma vez, nas velhas reuniões de brainstorm da JWT, onde a criação estava toda reunida em volta de um problema, deixei de sugerir algo, para ouvir a mesma ideia um segundo depois, na boca de outro profissional. Lembro da raiva que sentia. Da sensação de “por que eu não falei, droga?!”. Mal sabia que se eu tivesse falado, talvez todos teriam me ignorado, “afinal moleque, quem é você pra ter ideias? Tenha bom senso, porra!” Mas eu garanto que você vai se sentir mais confiante e a equipe vai respeitá-lo se você participar com ideias e não for apático. Trabalhe com a cabeça, mesmo quando pedirem que você trabalhe apenas com os braços.
Com isso você tem uma boa chance de ser contratado [na Bullet pelo menos]. Fica só faltando uma coisa: uma oportunidade. Uma vaga. Que as vezes não aparece nem para profissionais muito experientes.
Afinal, estar no lugar certo, na hora certa, muitas vezes é uma questão de sorte. E se você não tem sorte é bom que você saiba que nenhuma agência precisa de um profissional azarado.
“Eu tenho alguma chance de conseguir um emprego numa agência?”.
Pensando bem, não é uma questão nova. Lembro que quando era assistente de diretor de arte, na época do paleolítico dessa profissão, convivia com essa dúvida. Será que um dia vão me dar uma chance? Será que tenho algum talento? O que será que eu preciso para virar um diretor de arte de verdade?
Cheguei a perguntar para o diretor de arte de quem eu era assistente: “Vem cá…alguma vez disseram que você não tinha talento para essa profissão?”
Ele lambeu o pincel [não, não existia computador naquela época] e respondeu: “Sim“.
A resposta me deu um certo alívio, afinal, ninguém nunca havia dito que eu não tinha talento…é certo que também não haviam dito que eu tinha, então arrisquei minha sorte: “e você acha que eu tenho talento para…”
“Não! E me deixa trabalhar, porra“.
Ou seja, se você está aí, inseguro, saindo da faculdade, entrando na faculdade, arrumando seu primeiro emprego ou desempregado atrás do primeiro emprego numa agência, não tema. A angústia do “será-que-eu-nasci-pra-isso?” todo mundo tem.
Então prepare-se, porque vou tentar responder justamente o seu caso.
Funciona assim: a não ser que você seja o próximo profissional genial, o Marcello Serpa da sua geração, vai ser muito difícil você saber se nasceu para essa profissão até que você adquira alguma experiência. Alias, se você acha que é o próximo gênio da publicidade brasileira, pare de ler este texto imediatamente por dois motivos:
Se você é mesmo um gênio, não tenho o que dizer a você.
Se você não é, então você não passa de mais um arrogante que acha que é, aí este texto não vai sensibilizá-lo.
Muito bem, já que você continuou, assumo que você tem alguma humildade, mas é inseguro de seu talento, como 99% dos profissionais iniciantes. E o que preocupa você é como adquirir a tal experiência se ninguém contrata você.
A resposta para esta pergunta não é muito animadora. Se você é quem eu estou pensando, tenho uma triste notícia para lhe dar: você é um commodity, um jovem padrão. Igual a você tem um porrilhão de estudantes saídos de cursos técnicos, faculdades, Miami Ad School…até Panamericana. Tem uns até que conseguiram fazer estágio em Nova Iorque, em agências da moda.
A esta altura você vai dizer “puta cara baixo astral”.
Mas espere, não desista. Já que você leu até aqui, continue mais um pouco.
Pense comigo: quanto antes você se der conta que você não tem muito a oferecer, quanto antes você se ligar que sua formação é mediana e que você tem um conjunto de talentos semelhante à maioria dos outros caras com quem disputa vagas, melhor.
Porque agora você só precisa descobrir alguns diferenciais para se destacar na multidão.
Se você perguntar quais são estes diferenciais para 10 profissionais, vai receber 10 respostas diferentes. O que eu posso dizer é a atitude que faz com que eu considere a contratação de um profissional inexperiente para a Bullet.
Então vamos lá:
Dedique-se. Não, você não vai sair na sexta-feira a tarde para chegar em Maresias sem trânsito. Ferrou velhinho. Você tem que mostrar que está na agência na hora certa e que sai da agência na hora que for. Você tem que deixar claro que a agência pode não ser a coisa mais importante da sua vida, mas que você está pronto para se dedicar à sua nova profissão. E isso não pode ficar só no discurso.
Tenha bom senso. Estou seguro que uma infinidade de ideias revolucionárias vem da cabeça de gente nova na profissão, como você. Gente sem vícios, com agressividade diante de velhos problemas. Mas por favor, pense antes de falar. Pense de novo. Não fique calado quando tiver certeza do que vai dizer. Mas evite falar tudo que vem a cabeça, porque que você vai ficar surpreso como algumas de suas ideias geniais já foram executadas alguns anos atrás. Alias, esse desafio [e odeio esta palavra] é uma das coisas que tornam essa profissão tão legal.
Informe-se. Não me refiro ao velho chavão de “conheça o que está acontecendo no mundo”. Conhecer o que acontece no mundo é importante, mas aqui, me refiro a conhecer sua profissão. Quem são os grandes talentos de hoje e do passado. Quais são as campanhas que você precisa conhecer. Está tudo aí nos anuários. Descubra um profissional que você paga pau. Tente entender como ele pensa ou pensava através de suas campanhas.
Perca a timidez. Mais de uma vez, nas velhas reuniões de brainstorm da JWT, onde a criação estava toda reunida em volta de um problema, deixei de sugerir algo, para ouvir a mesma ideia um segundo depois, na boca de outro profissional. Lembro da raiva que sentia. Da sensação de “por que eu não falei, droga?!”. Mal sabia que se eu tivesse falado, talvez todos teriam me ignorado, “afinal moleque, quem é você pra ter ideias? Tenha bom senso, porra!” Mas eu garanto que você vai se sentir mais confiante e a equipe vai respeitá-lo se você participar com ideias e não for apático. Trabalhe com a cabeça, mesmo quando pedirem que você trabalhe apenas com os braços.
Com isso você tem uma boa chance de ser contratado [na Bullet pelo menos]. Fica só faltando uma coisa: uma oportunidade. Uma vaga. Que as vezes não aparece nem para profissionais muito experientes.
Afinal, estar no lugar certo, na hora certa, muitas vezes é uma questão de sorte. E se você não tem sorte é bom que você saiba que nenhuma agência precisa de um profissional azarado.
Neto é vice-presidente de criação da Bullet.
Fonte: http://www.coxacreme.com.br/2010/01/21/eu-tenho-alguma-chance-de-conseguir-um-emprego-numa-agencia/