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Fonte: Divulgação

De quem você tem cuidado?

Estou relendo Felicidade S.A. Livro de Alexandre Pereira de 2012 que falava de uma utopia da satisfação no trabalho. Interessante como passados apenas 13 anos o assunto mudou completamente. A pandemia mudou todo o processo, acelerando a questão do home office, e assim mudamos toda a relação de trabalho no mundo.

O livro me fez pensar um pouco em uma palavra difícil: cultura. As pessoas falam de cultura como se ela fosse algo simples. Trabalhei com gestores que achavam que alguns discursos regulares implantam cultura. Entendo que eles são muito otimistas. Aprendi cedo com Peter Drucker em um dos seus livros que: “A cultura come a estratégia no café da manhã.

Com muito respeito ao mestre Drucker eu acrescentaria: “A cultura come a estratégia no café da manhã todos os dias.” É impressionante como a cultura é algo vivo, poderoso, mas essencialmente ela é mantida por pessoas.

Queria trazer para esta conversa um outro elemento. No livro Felicidade S.A. Alexandre vai falar do modelo japonês. A cultura do coletivo orienta este povo e suas decisões. Ela está profundamente enraizada em valores como harmonia, respeito mútuo e senso de pertencimento ao grupo. Quando seu olhar é para o todo, sua atitude muda.

Gosto de ver a maneira como as pessoas ficam impressionados de ver que torcedores japoneses em grandes eventos ficam alguns minutos a mais para recolher todo o lixo que foi produzido. Parece tão impressionante, mas talvez o impressionante para eles seja ver como a maioria de nós joga lixo no chão num evento ou na rua, como se esse fosse o modelo correto.

O processo de nos isolarmos em nossas casas tem uma consequência cruel. Estamos cada vez mais individualistas. Olhamos para o mundo a partir do nosso umbigo, e com isso somos duros em cobranças, e muitas vezes somos gestores de texto. Tiramos o diferencial do humano com mensagens que se parecem mais com prompts para máquinas.

Quando olho para os relacionamentos que desenvolvi em minha carreira, eles sempre foram muito relacionados com proximidade, confiança, olho no olho e principalmente conhecimento do outro.

Não construiremos times fortes em reuniões virtuais. Estou convencido disso, mas entendo que o primeiro ponto é fazer você entender que precisamos pensar no coletivo. Preciso estar disposto a doar meu tempo para que o time cresça, preciso estar interessado em investir nas pessoas.

Reservo dois espaços na minha agenda toda a semana para encontros presenciais, pois isso me faz bem. Semana passada um amigo num desses encontros me deu um conselho rápido num almoço que mudou toda a minha perspectiva num problema.

Quem cuida de você? E de quem você tem cuidado? Trancados em nossas casas temos melhorado muito a qualidade de nossas vidas, mas isso é apenas parte. São em nossos relacionamentos que mudamos, e que transformamos as pessoas próximas de nós.

Amplie seu olhar, claro, defenda sempre seus interesses, mas se puder tenha um olhar maior e mais inclusivo. Isso começa por separar mais espaço para o presencial na sua agenda.  

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