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Fonte: envato

Atenção: saldo negativo

Em 1971, um economista chamado Herbert Simon palestrou – na verdade, fez uma conferência – em uma grande universidade norte-americana. O título da sua conferência foi Designing Organizations for an information-rich world, ou em bom português, Projetando Organizações para um mundo rico em informações.

Simon disse o seguinte: “uma riqueza de informações cria uma falta de atenção e uma necessidade de alocar essa atenção de forma eficiente entre a superabundância de fontes de informação que podem consumi-la”. Ou seja, a sociedade estava ficando tão cheia de informações, vindas das mais diversas fontes, que as pessoas estavam deixando de prestar atenção em qualquer coisa e selecionando cada vez mais aquilo que valia a pena perder um tempinho.

A questão levantada pelo economista – que alguns anos depois ganhou o Prêmio Nobel – impressionou tanto a comunidade acadêmica e o mercado em geral, que alguns anos depois foi lançado um livro sobre o assunto, com o nome de um dos termos cunhados durante a conferência: A Economia da Atenção. O livro é usado por profissionais de Comunicação, de Marketing, professores e todo mundo interessado em entender os porquês de alguns assuntos chamarem tanta atenção e outros não.

Toda vez que eu conto isso em sala de aula, ou mesmo numa roda de amigos, alguém fica encafifado com a história, principalmente quando se dão conta de que são realmente seletivos com as informações, deixando de lado muita coisa ao longo do dia. Mas, para nós publicitários, esse “saldo negativo” na nossa conta corrente do Banco Atenção não é novidade. Afinal, as pessoas sempre tiveram o hábito de pular uma página com propaganda, “zapear” quando começava um intervalo comercial ou mesmo passar reto por um outdoor sem olhar para ele, enquanto dirige acelerado.

O mais engraçado é que Simon postulou essa sentença em uma época que os mídias se preocupavam predominantemente com cinco mídias (TV, rádio, jornal, revista e outdoor), os smartphones não haviam sido inventados, a internet estava dando seus primeiros passos em laboratórios de universidades e redes sociais ainda eram senhoras de idade trocando informações sobre a vida alheia, enquanto varriam a calçada. Atualmente, com todas essas comodidades que temos à nossa disposição, a coisa ficou bem mais complicada para nós publicitários.

Por isso, se alguém está lendo este texto, posso me considerar um privilegiado. Caso tenha chegado até aqui, então, sou um vitorioso por dois motivos: primeiro, porque aparentemente eu escrevo bem; segundo, porque eu prometi causos no meu primeiro texto pro CreativosBR, você veio atrás deles.

Enfim, este foi o causo do moço que previu o surgimento de uma geração de jovens que não desgruda o olho do celular e não presta atenção no que os pais – e a publicidade – falam, que por sua vez introduz um outro, o de uma menina que chamou a atenção do mundo quando ganhou um presente que mudaria sua vida para sempre.

Mas esse causo, fica para a próxima. Até lá.

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