Vivemos um tempo único, e penso que este é um grande problema, pois nos falta comparação. Pela primeira vez na história humana temos quatro gerações convivendo simultaneamente em ambientes sociais e profissionais.
Estudo da Deloitte (2023, Global Human Capital Trends) mostra que 77% das empresas já reconhecem a gestão intergeracional como um desafio estratégico.
Isso porque, pela primeira vez, pessoas com até 70 anos e com 20 anos compartilham os mesmos times, processos e metas.
O processo é tão inédito que talvez tenhamos que começar a nos acostumar com uma palavra pouco comum em nosso vocabulário regular: a intergeracionalidade. Porém, o desafio maior do que conviver com a palavra é entender que não existem manuais, teorias ou mesmo experiências práticas testadas nas quais possamos nos apoiar.
Aprendi em minha carreira que, quando temos um fenômeno novo como esse, temos riscos, mas, acima de tudo, temos muita oportunidade. Não sei se você já percebeu, mas esses dois conceitos, risco e oportunidade, andam juntos, pois são diferenciados pela análise que fazemos sobre eles. Seu olhar em relação a essa situação pode definir tudo.
As empresas estão buscando a melhor forma de trabalharem com equipes de gerações tão diferentes, mas entendo que o segredo maior é encarar de frente a nossa responsabilidade. Vejo, dos dois lados, erros bobos, basicamente motivados por preconceitos.
Recentemente, tive a oportunidade de ouvir duas amigas em um encontro virtual, e o divertido é que você pode assistir também. Reunimos, em um evento da APP Brasil, duas planejadoras e demos a elas o desafio de falarem sobre intergeracionalidade: o poder das gerações juntas. A ideia de reunir duas profissionais foi da Rita Almeida. Ela é head de estratégia da ALMAP BBDO e líder do LAB Humanidades, também da mesma agência. Ela me sugeriu que sua palestra fosse um dueto e trouxe para a conversa Anne Liz, supervisora de estratégia também da ALMAP BBDO e uma das pessoas da equipe da Rita.

Elas nos mostraram os dois lados da moeda e os desafios que temos. Rita nos trouxe dados e mostrou como a geração 50+ encara os novos desafios. Anne nos mostrou os preconceitos com a geração Z e o quanto eles não têm o menor fundamento.
O fato é que estudos mostram que, quanto mais jovem o entrevistado, maior é seu medo de envelhecer, e, por tabela, podemos intuir que conviver com os mais velhos não parece a melhor decisão de início, pois esse contato acaba funcionando como espelho. E enxergar nosso amadurecimento nem sempre é bom.
Por outro lado, a geração 50+ tem sua base na experiência conquistada e pouca paciência para entender que os mais jovens têm mais facilidade com a tecnologia.
No final deste texto coloco o link para o vídeo, onde você pode assistir a essa apresentação, que tenho certeza complementa meu artigo. Quero que você entenda que todo momento único é histórico, e que nenhum de nós está preparado para ele. O novo sempre nos incomoda, pois adoramos ficar apegados ao nosso passado. Ele é quentinho, confortável e pouco desafiador.
Mas, se você confia em mim, eu queria lhe dizer que este é um daqueles momentos em que precisamos acreditar. Entender que somos parte do processo é o primeiro passo, mas não o único.
Rita e Anne nos demonstraram que, se temos uma ferramenta que pode potencializar a convivência entre gerações, ela é a escuta.
Quando falo de escuta, não é apenas o ato de ouvir sons ou receber palavras, mas a atitude prática de escutar de forma ativa, intencional e empática. Vivemos em um tempo de distrações, e penso que, em parte, estamos todos perdendo nossa disposição para escutar. Hoje vivemos uma escuta passiva, muito distraída.
A escuta é tudo de que precisamos para que o convívio intergeracional faça sentido. Sou ruim nesse quesito, sou um falador, mas, nos últimos anos, tenho lutado para ter uma escuta feroz. Não é fácil, mas funciona muito.
Queria te convidar a ter essa disposição. E isso é um exercício. Aproveite os colegas do seu time de diferentes gerações e os provoque para falar de assuntos diversos. Ouça e os motive com boas perguntas.
O primeiro passo da escuta é focar no outro, tanto em conteúdo quanto em emoção. As pessoas gostam de ser ouvidas. O incentivo da sua atenção é motivador.
Todos ficam ligados em pistas verbais e não verbais que demonstram que estamos atentos: um olhar, nossa postura e nossas expressões.
Tenha tempo. Evite interrupções ou julgamentos prematuros, eles são uma demonstração clara de falta de paciência.
Não tenha pressa. Boas conversas são longas e sempre haverá espaço para sua opinião.
Aprenda a se envolver com o que está sendo dito, estar junto, se sentir junto, ou seja, transformar empatia em ação.
Eu tive a chance de trabalhar com pessoas incríveis. Elas eram geniosas. Sabiam praticamente tudo. Ouviam pouco, mas me ensinaram muito. Essa troca me fez ser o profissional que eu sou. Tenho muito de muitos chefes, e grande parte disso se deveu à escuta.
Para produzirmos mais e construirmos equipes mais fortes, precisamos aprender a trabalhar juntos. Esqueça a idade, ela é só um detalhe. Concentre-se nas pessoas.
Confira aqui, a conversa de Rita Almeida e Anne Liz:
Invista na sua carreira!
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