Assisti ao filme da Fórmula 1. Sou fã do esporte desde a infância, uma paixão que se confirmou com as conquistas que acompanhei: primeiro as de Piquet, depois as de Senna. O universo dessa categoria sempre fez parte da minha vida.
Na minha caminhada pelo esporte, costumo ouvir de profissionais de outras modalidades que não o futebol queixarem-se da falta de espaço e interesse. Gosto sempre de lembrar que os estudos que mapeiam as maiores torcidas do Brasil mostram que o maior grupo é formado justamente por quem não torce para nenhum time.
Foi com essa provocação na cabeça que fui ao cinema assistir F1: O Filme, que estreou esta semana. Produzido por um time de peso, tem direção de Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick) e produção de Jerry Bruckheimer, Lewis Hamilton e Brad Pitt.
O filme é da Apple Studios, com distribuição da Warner Bros., e foi desenvolvido em colaboração direta com a Fórmula 1, Liberty Media e FIA. Isso garantiu um diferencial importante: todas as 10 equipes reais da categoria estão presentes, com filmagens feitas durante etapas do calendário oficial.
A cena em que Fernando Alonso cumprimenta Sonny Hayes (Brad Pitt) no paddock é um ótimo exemplo dessa integração, mas nada supera o gesto de Max Verstappen mostrando o dedo do meio durante uma disputa com o piloto fictício.
Como todo filme de ficção esportiva, a narrativa é mais romântica, um pouco fora da realidade. Adoraríamos ver uma equipe sem pontos vencer uma corrida na temporada — mas o desenvolvimento técnico e o nível de competição ainda não permitem isso fora das telas.
Adorei ver dois pilotos negros no grid do filme e como o universo da F1 foi fielmente representado. Mas, para nós publicitários, o mais incrível é o nível de integração das marcas. Um destaque é o vídeo divulgado esta semana com Brad Pitt pilotando um carro real da categoria — um monoposto da McLaren.
Já era fã da série documental Drive to Survive, responsável por popularizar a F1 globalmente, especialmente nos Estados Unidos. Essa série foi uma peça-chave da estratégia da Liberty Media para tornar a categoria mais acessível — e seu sucesso veio ao dar protagonismo a pilotos menos conhecidos.
Neste ano, a F1 inovou novamente com o evento F1 75 Live, uma grande festa de lançamento da temporada, realizada em Londres e transmitida ao vivo. O evento revelou os carros das 10 equipes para a 75ª temporada, com ingressos esgotados e enorme sucesso de mídia e audiência.
Admiro o trabalho da Liberty Media. Eles vêm mostrando como se conectar com novas gerações por meio de ações e eventos próximos desse público. O streaming, inclusive, trouxe mais jovens e mulheres para o esporte.
A Liberty Media nos dá uma verdadeira aula de branding e comunicação, ampliando o alcance de uma modalidade tradicionalmente elitista. Quando lembramos o impacto que a F1 teve no Brasil com Ayrton Senna, entendemos como as conquistas pessoais podem mudar a percepção sobre um esporte. O filme é um produto de entretenimento feito não para os fãs da F1, mas principalmente para quem ainda não é. Ele traz o contexto e a emoção da categoria sem o rigor de um documentário.
Trabalhando com esporte no Brasil, aprendi que o povo brasileiro valoriza conquistas. Somos um país em desenvolvimento, com muitas dificuldades, e vibramos com histórias de superação. Por isso, o que a Liberty Media tem feito é ainda mais impressionante: estão conseguindo aumentar o interesse do público brasileiro mesmo sem um piloto nosso disputando o título.
Todas essas ações são ferramentas de comunicação que poderiam muito bem ser premiadas em festivais de publicidade e marketing. Mas quem acha que F1: O Filme é apenas uma peça promocional se engana.
O filme arrecadou US$ 10 milhões apenas nas sessões de quinta-feira à noite nos EUA. A estreia global chegou a cerca de US$ 144 milhões, sendo US$ 55,6 milhões nos EUA/Canadá. Esse resultado é o maior já alcançado para um filme original da Apple. O total da bilheteria acumulado em uma semana é de US$ 161,9 milhões — um resultado que o coloca entre os grandes lançamentos do ano.
Se você trabalha com comunicação e marketing, recomendo que assista. E repare especialmente na presença das marcas patrocinadoras da categoria integradas ao filme — um resultado impressionante.
Quando penso nos impactos da tecnologia no nosso negócio, lembro de cases como este: conteúdos que funcionam como peças de comunicação e ampliam o valor e o conhecimento das marcas. Uma verdadeira aula de branding e comunicação.
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